domingo, março 25, 2012

A difícil viagem a Vermoim ou A confusão de uma Rima.

Ontem consegui aparecer no fim da apresentação pública de um livro de um escritor meu amigo, o Nelson Ferraz. Teria aparecido antes porém, um velho cano do meu velho novo apartamento resolveu ceder, e em doses rapidamente progressivas, um pouco da sua água à comunidade de vizinhos, pelo que providências foram necessárias. Com 45 minutos de atraso e sem água em casa, parti para a Maia. Junto do estádio, para quem conhece a Maia, é uma expressão nebulosa. Para quem só lá viveu um ano e há dezasseis, ainda mais. Mas um homem é um homem, e se for preciso ir à antiga junta de freguesia de Vermoim para saber onde é a nova, vamos. E fomos. Quando cheguei ao local da apresentação, a NOVA Junta de Freguesia de Vermoim - Maia, as pessoas já iam embora. Entrei, subi, cumprimentei efusivamente, consegui uma dedicatória que, eu sei, foi mesmo só para mim.

Estou a escrever isto e há trinta e seis horas que não tomo um banho. Por memos já entrei em delírio. Eu pensava que o livro do Nelson chamava-se “Não Me Apanhas”. Mas não, chama-se “Não Me Ganhas.”. Neste engano passei eu trinta minutos à procura do livro errado no labirinto maiato. Nelson, desculpa.Eu, porém, acho que são expressões paralelas e que algo dizem de cada um de nós, do Nelson e de mim. Claro que o título que o Nelson escolheu é melhor.
“Não Me Ganhas” é a expressão da sua mais altiva resistência contra estes tempos que correm, os do país, os do mundo, e os seus. A verdade é que ele nem precisa resistir, ele nem precisa dar-se ao trabalho. O Nelson é uma pessoa excepcional e um escritor dotado. Ninguém lhe ganha, portanto. E ele assim o afirma, com o seu estar eternamente juvenil, eternamente criança, eternamente vivo. E as verdades precisam de sair cá para fora, pelo que o nome do livro não é uma teimosia porque não precisa de o ser. O Nelson pisca-nos o olho, conta uma anedota e diz: "não me ganhas, pá!"
E eu? Porque sonhei eu com este nome para o livro do meu amigo Nelson? Esta expressão tem muito para ser dito sobre. Mas tudo se resume a isto: vocês NÃO ME APANHAM! HA!

A falta que a água nos faz.

A experiência de não ter água em casa é recomendável a todos. Mais ainda quando se vive sozinho. Hoje reguei as minhas plantas com a água que removi do átrio comum com a esfregona ontem à noite, depois de um cano ter quase rebentado. Fui comprar quinze litros de água ao Pingo Doce logo de manhã e finalmente encontrei alguma utilidade no Wok da IKEA para as minhas abluções. Não tendo máquina de lavar louça a higiene desta sempre me acompanhou e disso faço algum orgulho. Sim, se a água for variante morn’ó’quente. Fria leva a insultar quem tão mal aproveitou a comida do almoço – eu – deixando todos aqueles restinhos nojentos pegados ao prato. Finalmente qualquer ida à casa de banho deve ser bem pensada porque o que no wc fica é despedido para o nada com água de nascente. Não tomar banho significa, eu sei, que a minha pele vai aproveitar estes dois dias para restabelecer adequadamente a sua película lipídica, etc. Pena ser uma película não agradável à vista nem ao cheiro. Eu já descanso de tantas coisas, porquê descansar também desta? O duche quente era mesmo dos poucos prazeres que me restavam!
Amanhã de manhã virá um fantástico picheleiro resolver a situação. Se tivesse uma irmã casava-a com ele.

sexta-feira, março 16, 2012

Tony Judt.

Artigos como este reduzem-me à minha real ausência de qualquer problema.

Thomas Struth em Serralves.

Com algum atraso reporto a uma exposição que visitei mesmo no seu último dia.
A fotografia tem destas coisas: mais visivelmente do que noutras artes, qualquer um pode fotografar. Claro que qualquer um pode escrever, pintar, esculpir, fazer um filme. Mas a noção corrente não é bem esta, e nem assim acontece. É que todos nós fotografamos - eu, para não ir mais longe...
Há vários caminhos para destruir esta noção fácil de que fotografar "é fácil". O caminho de Thomas Struth é um deles: a criação de fotografias grandes, saturadas, ultrapassando em detalhe o previsível. E aí perguntamo-nos: mas afinal o que é que ele quer? Com tempo e submissão chegamos lá.
Na excelente exposição retrospectiva que Serralves nos apresentou, a série "Novas Imagens do Paraíso" apresenta-nos grandes painéis fotográficos mostrando manchas florestais de verde com uma extrema nitidez de detalhe. Está escrito que a contemplação destas imagens devia aproximar-nos de alguma filosofia oriental, até pela dimensão da imagem nos absorver e ultrapassar. Peesoalmente este excesso de verde inquieta-me e nenhuma destas imagens me trouxe paz.


Outra série muito interessante é a de "Museus". Um jogo óbvio aparece na fotografia abaixo: as meninas que vêem as "Meninas" de Vélazquez. Chamo só a vossa atenção para o facto de a focagem da fotografia centrar-se no público que vê as meninas que vêem as "Meninas"...


Got it?

quinta-feira, março 15, 2012

Mathilde Santing turning my heart c.1985.





I can tell by the look on your face
It's not something you offer
It's like something you waste
Is it words, precious time
or just the wine
Now it's open we might as well taste

There's a smoldering I can't explain
It's not like you at all
so I think I just wait
for the words you rehearsed
I'll hear them first
and when it's over at least it was great

Can you turn your heart
like you turn your head

It was lovely but it's getting late
and the next thing I know
I'll be well on my way
to the one thing I own
call it home
but in the morning it won't feel the same

Can you turn your heart
like you turn your head

Segundos e terceiros socorros.

Ontem ao fim da tarde uma carrinha estava a meu lado num semáforo e tinha um dístico verde onde apareciam as palavras "primeiros socorros". Pensei então: sim, os primeiros são mesmo necessários, sem eles quem sobrevive, mas depois, em sobrevivendo, como persistir, perseverar, reconstruir, sem uns segundos ou terceiros... socorros? Vejam por exemplo a... Grécia!

Melhor Canela que Sevilhana.

Sabes, amiga Sevilhana com quem me cruzei ontem ao voltar do almoço, a minha vida minha é. E a tua magistratura o meu território não abrange. Ficava preocupado se a rapariga Canela com quem me cruzei pouco depois não me desejasse um bom dia presenteando-me com o seu olá. Dela já recebi vales bem mais preciosos que os do Corte Inglês e, portanto, tentou-se o bom dia. Se conseguido foi ou não, é outra história...
Cravo e Canela forever!

segunda-feira, março 12, 2012

Conexões.

E agora o Kiefer Sutherland tem uma série onde um rapaz consegue prever o futuro e vê "demasiado bem" como isto anda tudo ligado. Chama-se "Touch".
Nada anda ligado a nada e é tudo aleatório. Sendo as famosas coincidências o paroxismo do mesmo.
Believe me, there is no plan.

Superpoderes.

Vejo séries e séries onde, porque hoje nada chega e nada é capaz de satisfazer, este, aquele, o outro possuem superpoderes. Por ex. a engraçada série inglesa "Inadaptados", em 2ª temporada.
E eu, cujo único poder se resume a estas poucas palavras... bom... vou dormir.

sábado, março 10, 2012

O que se passa na Suécia?



Wallander, aka Kenneth Branagh, é uma mini-série inglesa sobre assassinatos na Suécia, baseada no polícia-herói de Henning Mankell. Passa no AXN Black a 2ª temporada.
Larsson, Mankell, uma dezena de outros autores, etc.

O que se passa na Suécia e restantes países nórdicos - matar para aquecer? Ou é mesmo tudo ficção?

Suécia: IKEA, ABBA, killing...

A Garagem Justino.

O meu pai só teve um carro, um Opel Kadett verde-claro. Podia escrever tanta coisa sobre este carro, sobre a sua presença marcante nos meus primeiros, digamos, quinze anos de vida.
Uma única vez acompanhei o meu pai à revisão do carro. Era em Oliveira de Azeméis, na Garagem Justino. Só voltei a Oliveira há meses, que engraçado.
A revisão demorou tempo, e no fim o mecânico levou-nos a dar uma volta com o carro por uma estrada que sinuosamente subia, suponho hoje que seria a estrada para Vale de Cambra. O homem conduzia com um só dedo no volante. O Kadett nunca tinha sido conduzido assim. Curva, curva, contracurva, inversão feita ainda antes de se pensar que naquela estrada isso era possível e adequado. Encolhido no banco de trás, eu mal respirava.
Hoje, com direcção assistida e todas as restantes merdas, conduzir com um ou dois dedos, como eu faço, é muito mais fácil. Não deixa de ser um pouco perigoso. E, daí, o que é a vida sem um pouco de perigo? Estou a pensar desligar a direcção assistida.

terça-feira, março 06, 2012

O Homem Desarmado.

Eu sou o homem desarmado. Desafio as intempéries sentado e sem esforço. Busco nada. Nada quero. Eu sou o homem desarmado. Claro, o meu destino está em zero. Espalho sem sentido as munições que não tenho. Conselhos não quero. Sentado não espero. Como e bebo e suspenso vejo. Passam os dias, os meses, os anos. Sempre vestido pela ameaça de quem é cego porque julga ver mais, um hábito que está ganho e fica-me bem. Nem pequeno nem grande o tamanho do meu sono, ora durmo ora acordo. Se não adormeço, leio, passeio por arquivos onde já não me revejo. Caio mas em cima de ninguém que esteja a meu lado. Assim é mais fácil estar desarmado. E ser. Portanto já nem quero. Portanto já nem conto os degraus. Por onde desço. E se me esqueço lembram-me e assino o pedido, um pouco mais de droga, digo comida. Isto sim, quero.

segunda-feira, março 05, 2012

Californication 5ª temporada.





Finalmente o dude está mais calmo. Não o mundo à volta dele. Runkle, Marcie, Stu et al estão loucos e sexualmente activos como sempre. E uma viagem de avião oferece a Hank um novo "acto". Mais calmo, melancólico qb., fumando e bebendo e charrando como deus manda mas... que vida mais confusa vai-lhe cair em cima...

Esta 5ª série talvez seja a mais interessante desde a 1ª, porque é um pouco diferente das do meio, aqui e ali paródias do modelo. Já vi até ao 7, estou em pulgas para ver como acaba a coisa.

Claro que Hank tem esta coisa de, na prática, ir sempre atrás da mesma...

Hugo - 2011.



Não vi o filme "O Artista", que roubou a maioria dos Óscares a este filme de Martin Scorcese, mas a mim parece-me que o roubo foi muito mal feito. "Hugo" é o tal filme que Scorcese fez para que a sua filha mais nova pudesse perceber o que ele faz: filmes. Os críticos desta obra, artificial até dizer chega, nostálgicos do Scorcese de "Taxi Driver", não reconhecem que o realismo em Scorcese sempre foi trabalhado e expandido. Scorcese tornou-se é o Rolex da 7ª arte, senão vejamos "Raging Bull" ou "A Idade da Inocência", duas formas de artifício geniais.
"Hugo" não é genial. É até lento e incerto na 1ª parte. Scorcese não parece saber muito bem como dirigir crianças. Mas depois, quando às crianças só é pedido que olhem, arranca feérico e fulgurante, e não há maior elogio ao cinema do que a última hora deste filme, porque se passa a falar de Meliés. Visualmente espectacular, e com um 3D que funciona, este filme não merecia o Óscar de melhor filme, mas podia ter concedido a Scorcese, talvez o maior cineasta vivo, a estatueta pela melhor realização.

A Dama de Ferro - 2011

Este filme não é sobre Margaret Tatcher. Este filme é de Meryl Streep. E, assim dito, 80% das críticas ficam resolvidas. Para filme sobre Margaret Tatcher falta-lhe fôlego, espessura. enquadramento. Ficam as pinceladas, um que outro pequeno explicar, que acrescentam mas não terminam. As origens, a construção, as bombas, o IRA. O rearranjo da voz, da imagem. O afundar do General Belgrano. Tatcher como a mais improvável das feministas - mas que o foi...
Este filme é Meryl Streep a compor como só ela sabe uma mulher demenciada que foi "once upon a time" primeiro-ministro do Reino Unido. As pinceladas assim vistas são, portanto, memórias entrecortadas, esfarrapadas, sem a moldura do politicamente correcto.É a velha e perdida Tatcher a lembrar a outra, e o marido, Denis. Não há panegírico, oh não! Mas a coragem está lá.
O filme começa muito bem e termina muito bem. Treme pelo meio, não abunda em espessura como disse. Tal o córtex cerebral de Tatcher, nos últimos anos.
É um bom filme, o Óscar foi bem entregue. Vejam o trailer aqui abaixo.

Filme - A Dama de Ferro « Trailers - Estreias de Cinema

Filme - A Dama de Ferro « Trailers - Estreias de Cinema

domingo, março 04, 2012

Fevereiro 3,4.

O melhor.
La petite morte, sois disant.
Ramos e um rasto.

Fevereiro 2,7.

Leixões poente.
Mais um fim de tarde.
Foz do Cávado e Ofir.

Fevereiro two.

Wild tulips.
Não sei bem se o consegues ver bem.
Morning on film.
Strenght.

Fevereiro one.

Go!
Minuetto.
Moon as a place to be.
Look, buildings are on a fight!