O Homem Desarmado.
Eu sou o homem desarmado. Desafio as intempéries sentado e sem esforço. Busco nada. Nada quero. Eu sou o homem desarmado. Claro, o meu destino está em zero. Espalho sem sentido as munições que não tenho. Conselhos não quero. Sentado não espero. Como e bebo e suspenso vejo. Passam os dias, os meses, os anos. Sempre vestido pela ameaça de quem é cego porque julga ver mais, um hábito que está ganho e fica-me bem. Nem pequeno nem grande o tamanho do meu sono, ora durmo ora acordo. Se não adormeço, leio, passeio por arquivos onde já não me revejo. Caio mas em cima de ninguém que esteja a meu lado. Assim é mais fácil estar desarmado. E ser. Portanto já nem quero. Portanto já nem conto os degraus. Por onde desço. E se me esqueço lembram-me e assino o pedido, um pouco mais de droga, digo comida. Isto sim, quero.
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