sábado, março 10, 2012

A Garagem Justino.

O meu pai só teve um carro, um Opel Kadett verde-claro. Podia escrever tanta coisa sobre este carro, sobre a sua presença marcante nos meus primeiros, digamos, quinze anos de vida.
Uma única vez acompanhei o meu pai à revisão do carro. Era em Oliveira de Azeméis, na Garagem Justino. Só voltei a Oliveira há meses, que engraçado.
A revisão demorou tempo, e no fim o mecânico levou-nos a dar uma volta com o carro por uma estrada que sinuosamente subia, suponho hoje que seria a estrada para Vale de Cambra. O homem conduzia com um só dedo no volante. O Kadett nunca tinha sido conduzido assim. Curva, curva, contracurva, inversão feita ainda antes de se pensar que naquela estrada isso era possível e adequado. Encolhido no banco de trás, eu mal respirava.
Hoje, com direcção assistida e todas as restantes merdas, conduzir com um ou dois dedos, como eu faço, é muito mais fácil. Não deixa de ser um pouco perigoso. E, daí, o que é a vida sem um pouco de perigo? Estou a pensar desligar a direcção assistida.