sexta-feira, março 16, 2012

Thomas Struth em Serralves.

Com algum atraso reporto a uma exposição que visitei mesmo no seu último dia.
A fotografia tem destas coisas: mais visivelmente do que noutras artes, qualquer um pode fotografar. Claro que qualquer um pode escrever, pintar, esculpir, fazer um filme. Mas a noção corrente não é bem esta, e nem assim acontece. É que todos nós fotografamos - eu, para não ir mais longe...
Há vários caminhos para destruir esta noção fácil de que fotografar "é fácil". O caminho de Thomas Struth é um deles: a criação de fotografias grandes, saturadas, ultrapassando em detalhe o previsível. E aí perguntamo-nos: mas afinal o que é que ele quer? Com tempo e submissão chegamos lá.
Na excelente exposição retrospectiva que Serralves nos apresentou, a série "Novas Imagens do Paraíso" apresenta-nos grandes painéis fotográficos mostrando manchas florestais de verde com uma extrema nitidez de detalhe. Está escrito que a contemplação destas imagens devia aproximar-nos de alguma filosofia oriental, até pela dimensão da imagem nos absorver e ultrapassar. Peesoalmente este excesso de verde inquieta-me e nenhuma destas imagens me trouxe paz.


Outra série muito interessante é a de "Museus". Um jogo óbvio aparece na fotografia abaixo: as meninas que vêem as "Meninas" de Vélazquez. Chamo só a vossa atenção para o facto de a focagem da fotografia centrar-se no público que vê as meninas que vêem as "Meninas"...


Got it?