domingo, março 06, 2005

A Globalização e a Eutanásia e o que mais se verá...

O filme espanhol "Mar Adentro" de Aménabar, ganhou o Oscar para melhor película estrangeira. E assim finalmente chega a Portugal o facto cinematográfico do pais-ao-lado de 2004: sem Oscar não sei se o veríamos por cá. Globalização ? Nem na península !
Já muitos sabem tratar-se da história de um tetraplégico acidentado que quer morrer e não o deixam. É uma história real, passou-se na vizinha Galiza, os ecos aqui foram alguns. O filme - ainda não o vi - foi o êxito de bilheteiras de 2004 em Espanha.
Um filme não fecha o debate sobre a eutanásia. Mas pode abri-lo. Assim acontecerá em Portugal, espero.
Uma amiga minha, que é enfermeira, conhece uma situação similar que se está a passar nos intensivos de um hospital perto de nós. Um rapaz, que fez 32 anos recentemente, ficou tetraplégico após um acidente, e muito pouco depois, dependente de ventilação artificial. Está consciente, colaborante, tem uma cadeira de rodas com ventilador portátil que lhe permite circular pela unidade, e dali - unidade - não sai há 2, 3 anos. Sobre a história dele mais não contarei. Parece-me porém que o hospital que lhe deu a vida - o rapaz em subagudo fez uma paragem cardiorespiratória e foi reanimado, ficando a partir daí ventilador-dependente - não sabe o que fazer para ele.
Sucede que ultimamente este rapaz tem sido entrevistado com frequência por rádios e inclusivé alguma televisão, tendo como motivo o filme acima. Acrescento, embora não queira adiantar o desfecho da história da película, que o nosso rapaz está muito mais vivo que presentemente o herói do filme, totalmente mais vivo... vivo, enfim ! Mórbido ? Lembro que um tetraplégico não tenta suicidar-se pela simples razão que não tem como consegui-lo. Conhecendo o director da unidade em que o rapaz se encontra, de certeza ele foi defendido numa primeira abordagem, e estas entrevistas são desejadas até por ele, em desespero de causa para quebrar uma rotina absurda que passa pelas necessidades mais básicas e a dependência quase total do outro. De qualquer forma... irão propor-lhe ver o filme e comentá-lo ? E depois oferecem-lhe ajuda ? Para o quê mais precisamente ?
Um filme muito interessante e de alguma forma sobre este tema é o "The Elephant Man" de David Lynch (ver texto imsucks.com). No fim o homem-elefante deita-se, e assim resolve a sua vida. Este nosso amigo só se poderá deitar "e resolver a sua vida" com ajuda, tal como fez o herói galego do filme em questão.
Finalmente sugiro uma visita a http://www.infomedula.org/, o site do Hospital Nacional de Parapléjicos de Toledo, Espanha. O nosso amigo hospitalizado já lá esteve e, sabe-se lá porquê, quer para lá voltar. No site tem um artigo de opinião sobre o filme e outras coisas que é bem interessante, e algo mais optimista.

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