sábado, fevereiro 26, 2005

Pop Life

Na história do pop dos anos oitenta algumas canções vieram da área negra impor a sua presença e o seu fulgor.
Uma dessas canções foi o terceiro single que se retirou do LP Around the World in a Day de Prince & The Revolution (1985). A canção chamava-se "Pop Life"

"Pop Life: Ev'rybody Needs a Thrill / Pop Life: We All've Got a Space To Fill"

Este refrão, mais as voltas dadas ao longo de toda a letra, são linhas que o compositor tece sobre o que se anda a fazer pela vida, com estrelato ou não, pequena ou grande que seja a estrela. E "pop" é a música, mas também por ex. o som a abrir de uma garrafa, pode ser de champanhe francês, símbolo de festa, de diversão, de algo sempre a ser diferente. E sem champanhe, como sobreviver ? Sem festa, sem sucesso, sem luzes, sem a diferença, sem constelações à nossa volta, como não cair ? "Pop Life" não se trata então de uma canção sobre a vida pop das estrelas, mas sim sobre o "pop" que buscamos incessantemente, o estalido, o "déclic", estrelas ou não, a embriaguez da atenção, a tontura de um lugar central no estrado. E também o horror ao silêncio como uma máscara que sobre nós a vida aplica, a ausência do "pop".
E a música música ? Uma das canções da década. Ritmo largo, sincopado, subtilmente melancólico, cordas em~sonolência ébria sobre o tema principal, vozes femininas dos Revolution a completar o falsete épico de Prince Roger Nelson. Uma das primeiras canções moralistas deste menino, um tratado musical, uma letra esperta, e com uma carta escondida:

"Life It Ain’t Real Funky Unless It’s Got That "Pop" !"

Etiquetas: