quinta-feira, fevereiro 17, 2005

Da Ignorância

Podia ser José Gil 2, mas para falar disto não preciso do mestre para nada. É cansativo já falar do déficit educacional do povo português. Mas nunca é demais.
Hoje em dia, o português tão ocupado anda em perceber como arranjar dinheiro para a compra (disto... daquilo...) que não tem tempo nem espaço (no sub-céu tipo-cabeça...) para aprender coisas que não as estritamente necessárias para o ganha-pão, que as mais das vezes equivale à quarta-classe, embora o português tenha o nono ano... Portanto, neste país de burros, muito português acha ainda que aprendeu coisas na escola - muitas, muitas - para nada. A paranóia empregativa leva que até o político-filósofo futuro PM queira pôr o inglês na primária "não só para sabermos mais mas para também sermos mais competitivos..." - na primária ? Eu comecei a aprender inglês aos 12 anos, e depois ?
Saber porque o estar vivo te exige e o saber nunca se excede é frase ôca por estes lados.
Um português quando fala a outro sobre algo minimamente diferenciado pede imediatamente desculpa "ó pá, eu não percebo nada, desculpa ter falado sobre" não querendo insultar o cepo que tem ao lado. Pessoa pode ser considerado demasiado complicado, Camões é motivo de anedotário, ainda bem que (em diagonal) se lê muito Saramago e Lobo Antunes "embora eu não entenda muito bem...". Em portugal não há peritos mas sim gente descarada, que são os que se assumem como sabendo alguma coisa sobre alguma coisa - em quinze dias estão na rtp a fazer uma tertúlia humorística sobre - mesmo que não saibam por aí além. O português pede desculpa mas admira quem não pede.
Este meu amigo, que é médico, sobre o serviço de urgência refere o mesmo, a presença agora contínua de médicos no mesmo que sofrem do problema de ser ignorantes, mas que não sofrem com isso, nem têm pena, nem querem saber mais. Passeiam a sua burrice aliás como um troféu. E assim mais que sobrevivem, e exemplos para estudo seriam, mas com cuidados de assépsia e bastão eléctrico pois, de forma predatória, às vezes matam.

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