terça-feira, agosto 01, 2006

Illas de San Simón e San Antón






Estas ilhas dominam e dão nome à enseada de San Simón, onde a Ria de Vigo termina. Quem passa na ponte de Rande em direcção a nascente, não consegue evitar ver estas mesmas. Pois a elas pode-se aceder de barco a partir de Cesantes, porto e praia do termo de Redondela de Galiza...
E assim foi feito.
A ilha de San Simón tem uma cobertura vegetal muito interessante e variada, apesar de um predomínio de eucaliptos nas cotas mais altas. É, só por isto, um passeio muito agradável. Por outro lado, não há melhor forma de desfrutar este fim da ria de Vigo, cenograficamente perfeito. Porém, nunca há bela sem senão.
Nestas ilhas, durante a guerra civil espanhola e no pos-guerra imediato funcionou uma prisão franquista. Os edifícios antes tinha sido um lazareto. Aqui terão morrido centenas de pessoas, da forma mais absolutamente discricionária. Na ilha mais pequena (San Antón), ligada à maior por uma bonita ponte, estavam as instalações dos guardas. Preso que passasse a ponte era para morrer.
A Xunta pretende criar ali um lugar de cultura e de memória do sofrimento daquelas gentes, aproveitando para glosar os velhos poetas medievais, Mendinho, por ex., que estas ilhas cantavam. Mal sabiam eles...
Parte do trabalho está feito e está a decorrer na ilha um exposição e actividades culturais variadas para celebrar e recordar.
Na visita que fizémos às duas ilhas calhou falarmos com uma filha de um preso. Lembrava-se de, criança, vir visitar o pai. Referia estar tudo mudado, quase demasiado arranjado, limpo, "resolvido". Depois, não quis falar mais, e foi-se embora. Chorava. Presos sobreviventes que visitaram a ilha nestes dias não conseguiram atravessar a fatídica ponte, pelo lembrar do que isso significava.
Nestas ilhas a memória de gigantes.

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