Oh bother! (It rains in my room, still!)
Quando chove na rua, chove no meu quarto, como uma décalage (há quanto tempo não liam uma palavra como esta?) de 1-2 horas, não mais. A chuva pára e um lapso de tempo similar distancia o parar da chuva no exterior da mesma paragem no interior.
Moro num último andar, o problema está portanto no telhado comum, vá de telefonar ao condomínio, uma empresa matosinhense dinâmica e em crescendo. O problema está também porém em que… quem nos atende do outro lado, o homem que coordena os arranjos e as reparações… é gago! Eu até o conheço, parece-me esforçado, bem educado e prestável, quando eu lhe digo que o último “arranjete” que fizeram ao telhadinho de nada serviu ele responde: “Ó pá, a sério? Que cha… gh… … ti… gh… ce!” Percebe-se no amplificar da gaguez que o homem sente realmente o cair das gotas de chuva pelo menos tanto quanto o soalho, os livros, a roupa, os adereços - o que quer que no meu quarto esteja sediado a Sudoeste – que é onde chove. De modos que os meus telefonemas com este senhor terminam quase sempre num pedido de desculpas por o ter perturbado, sendo o medidor da perturbação os silêncios engasguetados que obtenho do outro lado da linha, percebendo eu também porque o gajo que devia subir ao telhado para resolver esta merda de uma santa vez não lhe atende o telefone – é que não há respeito possível perante uma voz de mando que gagueja e pede desculpa, é uma combinação letal!
Portanto, quando via deixar de chover no meu quarto? Abril? Maio? Março?
Resposta: "Ó pá, não gh... ... ... sei!"
Etiquetas: la vida es sueño
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