quarta-feira, abril 25, 2007

Poceirão: o que é isso?


Já antes do 25 de Abril se falava de um novo aeroporto para Lisboa.
Os estudos preliminares que foram lançados a público em 1969 apontavam para Rio Frio, e assim eu lembro-me, pequenino mas leitor, de reportagens por ex. no Século Ilustrado ou pouco depois no recém-criado Expresso, onde se falava dessa localização como a definida para o novo aeroporto.
A Ota tem basicamente dois pais: Elisa Ferreira que assinou o parecer negativo ambiental sobre Rio Frio (RF); e João Cravinho, que decidiu avançar com a Ota para “competir com Barajas”.
Algumas considerações são devidas:

1.Não é possível competir com Barajas. Este considerando é tão evidente que nem vale a pena perder muito tempo com. Lisboa não é Madrid, Portugal não é Espanha, etc., etc. Deixemo-nos de tretas.
2.O parecer negativo ambiental sobre RF baseava-se em 2 itens, ambos muito importantes: o montado de sobreiros a destruir, dezenas de milhares de árvores, e o aquífero subjacente à futura pista, fundamental para milhões de habitantes da Grande Lisboa. Acrescia ainda um aeroporto no meio das linhas de circulação das aves entre o estuário do Tejo e o estuário do Sado, com os perigos para a navegação aérea daí decorrentes. Estas 3 questões são muito importantes, e parecem-me incontornáveis.
3. Acontece que um professor catedátrico do IST (que não é uma espécie de licenciado qualquer) refere que a localização do Poceirão, uns kms deslocada para leste do RF, sofreria de óbices ambientais muito menores do que RF, mantendo as vantagens já reconhecidas há 40 anos.

E quais são as vantagens para a localização na Margem Sul do novo aeroporto de Lisboa? Três, a saber:

1. Maiores possibilidades de expansão, o que é óbvio para quem conhece as zonas em questão.
2. Menores custos, pois os trabalhos de terraplenagem, etc. serão muito menores.
3. Melhor integração com as redes ferroviárias e de portos do país, se seguirmos a sugestões que vários especialistas fazem do TGV descer a leste do Tejo para entroncar (no aeroporto) com a linha Lisboa-Madrid, fugindo ao funil da entrada por VFXira, com menores custos, e melhor interacção com os portos de Lisboa, Setúbal e Sines. A interacção Ota-TGV afigura-se um nó górdio para uma Linha Porto-Lisboa que já por si tem dificuldade em justificar-se isoladamente. E o Norte não precisa da Ota, pois terá o Sá Carneiro…

Portanto resta perguntar: quando se fará uma boa avaliação ambiental do Poceirão? Ou o problema reside em que as populações peri-Ota, Leiria, Santarém, Coimbra até, eleitores PS por tradição, não poderão aceitar uma nega?

P.S.: a fotografia acima é de terrenos na Ota... hoje.

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