The Chase
Para explicar a América de hoje necessitamos de conhecer um pouco da sua história. E a história da américa pode ser seguida através da arte e do entertenimento que melhor simboliza o país americano: o cinema. A fábrica dos sonhos espelhou em todos estes anos a alucinação colectiva americana.
E é de 1966 um filme de Arthur Penn, "The Chase" que toca em alguns temas que ainda estão no centro da discussão do ser americano. Arthur Penn é um realizador que apareceu nos anos sessenta e que portanto representa uma transição entre a geração dos Elia Kazan e as dos Coppola e Scorcese. Neste filme retrata-se a américa profunda (pequena cidade mais para o sul que para o norte) que tem um fim-de-semana transtornado pela fuga da prisão do "rebelde mau" da terra, Bubber (um muito jovem Robert Redford). Jane Fonda é a mulher de Bubber, mas a amante do filho do manda-chuva da cidade. Marlon Brando é o xerife da cidade, empregado do manda-chuva porque-tem-que-ser, mas tentando manter o bom-senso e a lei numa cidade tomada pela paranóia colectiva. Dos grandes nomes do filme aparece aqui ainda Robert Duval, pré-padrinho, num papel de delator. Filme muito á Tennessee Williams/representação via método, portanto com cheiro a Kazan. Penn sairia destes mundos ao filmar Bonnie and Clyde anos depois. Não se percebe o mal que Bubber representa (Redford bem-penteado também não ajuda) mas sente-se a má consciência de toda uma cidade em relação a Bubber. O fulcro do filme é Brando, num papel nas margens do correcto e do incorrecto, exprimindo o seu desgosto com o mundo (anos depois iria para a selva), versus todo um povo constituido por homens fracos e mulheres perdidas ou com pena por não se perderem. E muitas armas à mistura, violência-porque-é-sábado (à noite), americanos a excomungarem os seus demónios aos tiros. Ontem como hoje.
Filme catita, de princípios de carreira de um cineasta esquecido. E com muitas caras conhecidas em princípio de carreira, o sonho americano não, já tinha descolado à muito sabe-se lá se para a terra do nunca.
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