domingo, junho 30, 2013

A Impossibilidade segundo António José Seguro.

A pele hidratamos e a carne. Oleamos os tendões à espera. E passa a hora, que é breve segundo, para nada houve tempo, espaço, verdade.

#

Este trabalho de almofariz, como podia correr bem?

#

Não tens pressa, as costas contra o que pensas ser o definitivo muro, fazes a que julgas ser a definitiva força, o muro cede e transforma-se em chão. Vês, agora tudo é outra vez possível.

#

Não precisas de asas: a terra voa contigo.

#

Prender as peças soltas não é uma espécie de prisão?

#

Nunca se sai de alguém por onde se entrou.

#

O iogurte é uma metáfora ardilosa: ele há os de aromas e ele há os com sabor. Assim os anos, ora um aroma, ora um sabor intenso. Não duvidem, o fim sempre será um iogurte magro, comido até ao fim mas a medo, a embalagem atirada para um buraco que recicla.

#

Sempre que vejo essa gabardina páro de pensar.

#

O desvão: procuro e não encontro.

#

Nunca foi tão necessário o engenho.

#

Não vale a pena reclamar, nisto do corpo também as leis do mercado são soberanas.

#

Aconteces como quem parte um vidro.

#

Guilherme, o taciturno:  sexta-feira.

#

É sábado e tenho um humor vítreo.

#

Destruir à paulada, refazer como se nada.

#

Dor sinuosa, abdominal.

#

Semanas e semanas. Descem e sobem persianas.

#

E as folhas do Gingko da Portucalense tão verdes, tão jovens, tão pelo meio harmoniosamente fendidas, tão decididas a ser, a estar, a iluminar.

#

Suporte vital, as mãos tão escassas.

#

Haverá uma página em que eu conseguirei meter lá tudo.

#

Não requer mais água o peixe graúdo?

#

Define-se valete como um rapaz que olha de lado, à espera. Agora vamos falar de outro jogo.

#

Há jogadores de futebol que só são bons na primeira parte. Se a equipa deles dependesse não havia campeonatos para ninguém nem, fossem eles a maioria, nunca as partidas acabavam, a meio da segunda parte saindo eles todos, lesionados.

#

Neste copo de base larga está o meu sangue. E neste caso uma pedra de gelo vinha mesmo a calhar.

#

Escrever sobre a morte é uma forma de não ter coragem.

#

Há por aqui demasiado sangue. Conheces algum sucateiro?