ECMO.
E agora? Estranho conseguir perguntar-me isto, não devia. Como consigo? Há apenas uns meses decidiram que o meu cérebro já não estava mesmo nada bem. Lembro-me de fazer o desenho de um relógio e não sei porquê coloquei os traços das horas por fora e não por dentro, se calhar até terei achado que assim era mais simples de entender, eu a facilitar a vida a quem me testava, houve também umas contas e umas palavras para lembrar depois. Não devo ter feito bem as coisas porque receitaram-me medicamentos novos. O princípio do fim, pensei. O princípio do fim. E era.
Tenho feito tudo o que me pedem. Não bebas, não bebo. Vende os animais, eu vendo. Vende parte do olival. Tenho parte da minha vida assim vendida. Onde fico eu?
Às vezes vou à cidade e perco-me um pouco. Também, com esta mania que têm hoje de obras sempre obras, sentidos únicos, Castelo Branco já não se parece muito com a terra que eu conhecia tão bem, não me parece difícil uma pessoa confundir-se um pouco e eu peço ajuda porque não quero envergonhar ninguém. Claro que cada ajuda custa-me pontos, é este um jogo cruel e decide-se logo ali, se precisas de ajuda como podes decidir ainda o que seja, vais respirar assistidamente para uma máquina que por muito que venham consertar faz sempre demasiado barulho, vais fazer isto e aquilo e aqueloutro, um homem que não decide vive do quê se a rota não é sua, a derrota completa, isto já não são pontos, já nem sei o que é.
Às vezes vou à cidade e perco-me um pouco. Também, com esta mania que têm hoje de obras sempre obras, sentidos únicos, Castelo Branco já não se parece muito com a terra que eu conhecia tão bem, não me parece difícil uma pessoa confundir-se um pouco e eu peço ajuda porque não quero envergonhar ninguém. Claro que cada ajuda custa-me pontos, é este um jogo cruel e decide-se logo ali, se precisas de ajuda como podes decidir ainda o que seja, vais respirar assistidamente para uma máquina que por muito que venham consertar faz sempre demasiado barulho, vais fazer isto e aquilo e aqueloutro, um homem que não decide vive do quê se a rota não é sua, a derrota completa, isto já não são pontos, já nem sei o que é.
Mas vejamos, dizem que o meu cérebro não está bem mas está, infelizmente está. Porque é imensa esta dor que eu hoje sinto. Foi morrer longe a mulher da minha vida, agarrada a uma máquina muito nova e fantástica. Quatro letras também, essa máquina, como a outra do dormir. Mas morreu. E agora sim, já não me oriento. Não porque esta cabeça já não esteja bem. Sim porque a parte desta minha cabeça a que eu chamo o coração foi rasgada ao meio e não há solução. Com se eu fosse uma notícia e agora já não interessasse mais e vá de rasgar. Eu vejo bem e claro o que aconteceu. Deus me perdoe mas não há mesmo solução nem medicamentos que a encontrem para mim. Ia dizer "devolver" mas isso não tem lógica, eu sei.
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