quarta-feira, janeiro 20, 2010

As pequenas alegrias de uma pequena pátria: o Folar de Chaves


E nesta sequência de requintes gustativos tinhamos que coerentemente rematar a santíssima trindade trasmontana falando do rectângulo (forma frequente, mas há outras) do nosso contentamento. Assim é também o nosso país, e percorrendo-o - o país, o Folar - defrontamo-nos com uma harmonia de tecido sem demasiadas angulosidades gastronómicas, com ocasionais epifanias provocadas pelos nacos de presunto e outras coisas do porco a rechear - o Folar. Uma pedregulho de comida que é um sustento, nem outra coisa podia ser, para não se perder tempo. O Folar é para ser comido por gente de trabalho. É uma homenagem. A massa, o pão, imbuído de um leve - tem que ser leve - aroma às ditas epifanias, é de artista. A consistência uniforme, solta e firme a um tempo, fornecendo um som de fundo lipídico que nos lembra ao que estamos.  Assim é o Folar de Chaves e assim este nosso país, repito, preso de uma certa uniformidade de povo, de vento, de mar,  mas com as ocasionais epifanias de Obra, de Terreno, de Gente, que tudo compensam.