quinta-feira, janeiro 14, 2010

Der Vorleser (filme) 2008


O amor (se existe) será como um Deus, cujo nome deve ser pronunciado baixinho, e a imagem respeitada, talvez até proibida. O amor é capaz, se o é tem que ser capaz, de tais extremos que o criar a imagem desses mesmos extremos é atraiçoá-lo, metê-lo dentro de uma caixa, não mágica. Tal o filme “O Leitor” para o livro “O Leitor”. Apesar de Kate Winslet.

É extremo o amor entre Hannah e Michael. Extremo, abismo insondável baptizado com a água e a palavra. Qualquer extremo é um fim, nunca um meio. E muitas vezes acaba depois por não ter ponta por onde se lhe pegue.

Por isso o fim desta história, e do filme. Os olhos não envelhecem, mas envelhece o que eles vêem. E contra um abismo mas de alturas, colocar Auschwitz é muito injusto. Mede, cerca, torna finito este amor, este excesso. O que era incalculável não ultrapassa afinal um determinado número de cadáveres. Não dá! Muito maior o excesso dela que o dele, portanto, mas é assim. A iniciação e a redenção são duas coisas diferentes. O amor, lembro Vinicius, não é raro, mas é no cômputo geral uma raridade. Ela não precisava do nome dele, pois qualquer palavra ou nome, limita. O amor, esse animal acossado. Ela, um animal ainda mais acossado. Ele, ainda e sempre um rapaz que lia alto. “Mas prefiro que me leiam alto!”. She knew there was no way out. Repito que é uma grande história. O filme, so so.


P.S.: melhor filme, e também andando um pouco por aqui, é “Monster”, com Charlize Theron. Não dá é para grandes sufusões de transferência onírica para o celulóide por parte do espectador, claro…

P.S.2: o filme devia ser em língua alemã.