domingo, janeiro 10, 2010

Relatório sucinto de uma reunião

São duas gruas. De uma delas não vejo o braço, só o trabalho. A distância impede o esclarecimento. E qual é este impedimento? Não sei se estas duas máquinas estão empenhadas em uma só construção, se duas. Sequer se o que acontece é uma construção ou não, alguém a fazer, alguém a desfazer, acontece, sabemos. Sobem, descem, os guinchos, os cabos, dançam ao frio e ao vento matinal. Ao longe, assumo, o Tejo, não se vê.
Confunde-se o fazer e o desfazer, os gestos, as falas, podem ser mesmo as mesmas falas, os mesmos gestos. Distam milímetros a paz de uma guerra, o amor de um nojo intransponível. Apenas a transição da noite para o dia sempre se fez suave por natureza, pois muito obrigado.



Afinal são duas as construções.



Uma grua está parada. Não, agora gira.



What would Clooney think of all this?



You go (so) way back that you lost yourself (I think).



À minha frente a cada janela o seu ar condicionado. Condicionado, sob condição. Janela sem o dito rectângulo é porque não há lá ninguém. Hoje a natureza é morta. O ar que respiramos está hoje assim: espiamos, somos espiados.



Uma grua escondeu-se: como para lamber as feridas.



R., Lisboa, ainda menina, ainda moça. China girl?



Aqui afinal também existe um conflito de gerações.



A locked in situation.



As palavras, lâminas afiadas. Quero (-te). Mando (-te). Posso (-te)? Faltará uma letra, acho.



Estabelece-se contacto. Pessoal?



Há apelidos que assentam como uma bala. E ela vai e torna evidente o que já era sabido.



The canon is smiling! I fear her smile! Sendo a base de trabalho um “V” invertido - fixo.



Feitas todas estas articulações, foi bom para ti?



Escarrapachado, sexy word! Hummmm, I lost it, now…



Como diria Tom Cruise em determinado filme, acabei agora mesmo de consultar a tua carótida e achei o teu sangue… laminar!



A pele seca. Como é possível?



Respondo-te: não é para mim um gosto que estejas vivo.



Define comédia romântica.



R., oh R.!



Enjoy the Sun / Enjoy the Moon (publicidade no exterior).



Começou a falar um espanhol. Velho animal caçador…



A luz. A luz de Lisboa.



Define ser civilizado.



A tua existência será questionada.



Existe uma cadeia de hotéis com um nome curioso - SANA. Sana, sana, culito de rana… Como se casas de repouso e cura, de cicatrização. Onde as peles se alisam, os músculos se estendem. Onde o sexo nestes hotéis, penso. A cura sexual não existe? Talvez não. Sexo é oxigénio puro. Arde, queima, oxida violentamente. Adia ou apressa. Pode calar. Um processo de cura não passa por.
Diferente o toque. Outra vez falo de dedos.



Lá consegui meter o sexo aqui pelo meio.



(E discordei de Kubrick em Eyes Wide Shut - embora este fosse um filme sem fim).



À minha volta não pensar é o desporto nacional a que assisto. Sentado, penso. Adormeço.



Nutricionista Maria Glória.



Escritórios 213031428.



S.José era carpinteiro. Não tendo com que entreter-se fez uma mobília de cozinha completa, e porquê cozinha perguntarão e donde todo este tempo para a marcenaria. S. José era carpinteiro terceiro segundo e primeiro. E à noite sonhava com uma vida normal e uma dispensa de ser santo, os papéis metidos.



Ebora Julia era ainda uma criança.



Não conseguimos controlar isto.



Dá-me a tua ilusão. Por favor, engana-me.



Sim, somos fãs da rede.



Pararam as obras. As gruas descansam.



A qualidade de cuidados comigo deve ser objecto de uma reavaliação urgente.



O estado da arte é muito confuso. A arte sou eu, dizem. E ninguém me preparou para tal.



Processos vs Resultados. Processos vs Processos. Como? O que há escrito? Processos vs Processos.



Acreditação. Aprender a acreditar?



Não se pode normalizar coisas que não passam pelas normas. Não é normal colidir desta forma, não é normal um choque assim frontal.



Como me podem auditar se não me ouves?



Potencialidade para mudar: uma muda de cavalos é serem outros.



Hemorragíparo.



Com o tempo todas as curvas ficam sobreponíveis.



Old school but no hip hop.