sábado, abril 16, 2005

E então para onde vamos ?

“I Love You Mizancéne”. Estas mesmas palavras encontravam-se assim escritas num muro da praia de Matosinhos, uma sequelas de uma Polis meia mal atamancada. Eram estas palavras marca de água a tomar conta e proveito dos novos tecidos urbanos. Lembrava-se. Agora, à entrada daquele serviço médico num hospital, questionava pela enésima vez toda a água de colónia do estar ali, porque e para quê. Tirou um livrinho de notas, três médicos para visitar. Mas isto aqui não era a casa deles. E era cedo. Nenhum dos seus colegas de parasitismo tinha ainda chegado, e os médicos estavam a passar visita, ou a simulá-lo, parecia. Por uma janela via-se a sala deles. De uma forma mais ou menos digna tentava-se ver quem estava. Quanto mais velhos (os médicos) menos forçavam as articulações que necessárias eram para construir o movimento de levantar. Os mais novos, a gosto ou a contragosto, entravam e saiam a reportar desse mundo estranho onde predominava a doença, as enfermarias. Doutor A ? Saiu de fazer urgência. Doutor B ? Na consulta. Doutora C ? Doente.
Ao sair do hospital respirou de alívio. Cruzou-se com um conjunto de pessoas que davam as mãos e contrariadas entoavam umas palavras de ordem contra “o Metro”. Algo sobre um enterro, e uns túneis. Na próxima façam uma manifestação para dar uma pintadela nova ao hospital, pensou. Ou para que os doentes melhorem, se a coisa não fôr lá de outra forma. E esbarrou numa mulher que coincidia em retirar-se do hospital. Alíás parecia que fugia. Morena, não alta e proporcionada à melhor maneira portuguesa pensou, muito morena, e com uns olhos achinesados. “Peço desculpa”. “Peço desculpa”. E seguiram. Calharam de atravessar no mesmo tempo na passadeira da circunvalação, primeira parte. Mas depois ela passou no vermelho, ele hesitante, como ficara depois de começar a pensar se uma criança, que exemplo dar, mas ali não havia criança nenhuma, só uma mulher mais uma a escapar-se. Retirou o carro do parque e logo depois parou no semáforo. E agora, que fazemos ? Para onde vamos ?

Etiquetas:

3 Comments:

Blogger tripeiro said...

Na manifestação para que pintassem o hospital, eu participaria... e de facto, o trabalho dessa sra. (presumo que seja DIM), não deve ser muito agradável, sempre a pedinchar uns minutinhos aos médicos, para os tentar convencer daquilo que eles já sabem (ou sabem que não), oferecer uns brindes foleiros e ainda ter que lançar charme para gajos feios, porcos e maus... enfim...

4:19 da tarde  
Blogger William said...

É um meu, meu... a água de colónia é uma "metafóra" !

9:17 da tarde  
Blogger tripeiro said...

Sorry... :)

12:53 da manhã  

Enviar um comentário

<< Home