sábado, março 19, 2005

Esta coisa dos espanhóis

Esperei um pouco antes de escrever sobre, mas realmente as coisas não andam bem.
Como sabemos, nos últimos anos a presença de trabalhadores na área da saúde, enfermeiros e médicos, espanhóis em Portugal tem aumentado com regularidade. Em enfermagem tal temacontecido por um déficit em fornecer o número de profissionais que o mercado de trabalho precisa e isto a coincidir com um superávit no país vizinho. Na área médica pelo mesmo superávit existir também em Espanha cria-se um pool de tarefeiros qualificados acessível e muitos jovens médicos espanhóis, em igualdade de circunstâncias, concorrem para o internato de especialidade aqui e entrarem e conseguem uma especialidade, voltando depois para Espanha uns, outros não.
A presença desta gente cá só pode ser bem vinda. Primeiro porque assim o espanhol cada vez menos é o outro, o do lado de lá, e passa a ser gente normal, com as idiosincrasias individuais e colectivas a que tem direito. E o português assim fica menos pequenino. Segundo, porque em muitas áreas, se não houvesse o espanhol não havia ninguém: não havia enfermeiro, não havia médico de família, não havia interno a fazer a noite de urgência, etc. Terceiro, isto, meus amigos, é a União Europeia: concursos abertos, contratos conhecidos, igualdade de oportunidades, cursos com a mesma matriz (senão melhor), etc. E o problema da língua não o é, porque profissionais sanitários não são turistas em Fátima: querem fazer o melhor e rapidamente aprendem a falar com e a entender o doente, e este raramente se queixa. A coisa do dinheiro para as estradas tem destas contrapartidas aborrecidas. Ao contrário do que um estúpido editorial do Notícias Magazine escrito pela Sra. Isabel Stiwell a 6/3 possa sugerir, não se trata de "importação pelo ministério da saúde". Acreditem: eu, se pudesse, por razões pessoais já estava a trabalhar em Espanha. Acontece que o mercado lá é muito mais duro que o nosso, e está saturado. O nosso não, e é só.
Ultimamente todos os carros com matricula espanhola têm sido parados pela polícia de fronteiras no sentido de obrigar quem cá trabalha a legalizar a situação destes carros e pagar a coima e os impostos adequados (os mais altos da europa). Não discuto o conteúdo, até por ser parte interessada, mas sim a forma. Meus senhores: perseguir enfermeiras até ao estacionamento do Continente e aí dar-lhes voz de "Alto !" ? Porque não enveredar pelo tráfico de droga ? Talvez a polícia passe a ser mais simpática... E nada disto tem a ver com o facto de 25% de uma coima elevada poder assegurar uma Páscoa mais desafogada, pois não ? Uns amigos meus foram tratar da legalização dum BMW à alfandega do Freixieiro; aproximaram-se dois polícias, um deles à paisana: "Espanhóis ? Lindo carro ! Médicos, não é ?"
To serve and protect... é nos filmes ! Cá é estudar o quanto rende a multita...

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3 Comments:

Blogger tripeiro said...

"cursos com a mesma matriz (senão melhor), etc. E o problema da língua não o é, porque profissionais sanitários não são turistas em Fátima: querem fazer o melhor e rapidamente aprendem a falar com e a entender o doente"

does the name Maria Antónia ring a bell??? não me parece que seja o perfil... o problema dos médicos espanhóis é que normalmente e destaco normalmente não são os melhores a vir para cá... antes pelo contrário, são os que não conseguiram colocação pelo famoso MIR... será que um "mauzinho" é melhor que nenhum??? provavelmente é, mas também pode não ser!

E isto não tem nada a ver com o do lado de lá... tem a ver com qualificação e como o "nosso" sistema está tão mal feito que permite a entrada a quem é fraco (muitos dos quais portugueses)... gostava de ver por cá muitos médicos espanhóis, mas era dos melhores, assim como gostava de ter muitos franceses, belgas ou suecos (suecas, de preferência...), mas dos bons. E dos que vêm para cá para ficar, não para ocupar uma vaga de formação e assim que tiverem a especialidade, regressarem à base.

Agora, persegui-los até ao Continente é que não. Se a muitos questiono a "capacidade profissional", a aceitação enquanto cidadão europeu e pessoa de plenos direitos tem de ser um facto!

5:05 da tarde  
Blogger William said...

Mas ó meu, eles não concorrem e não ficam objectivamente à frente dos nossos ? Quanto à MA não te preocupes, daddy will take care of her... por outro lado, e pensando em determinados tarefeiros, portugueses e espanhóis (ou hispano-falantes) competem a ver quem faz mais asneiras...

6:16 da tarde  
Blogger Sr Blas said...

Disculpem o meu portugues mas o teclado do meu computador é espanhol e é muito complicado escreber na lingua de Pessoa. Tenho que discrepar com isso de que os espanhois que vem ca trabalhar "nao sao os melhores porque nao conseguiram tirar uma vaga em Espanha no exame MIR". O exame espanhol nao tem nada a ver em cuanto as dificuldades que tem com o portugues. Mas o problema nao é bem esse. O problema é que o número de vagas é muito pequena. 4500 vagas para 14.000 médicos. E é muito complicado, acredite. Muitos médicos, e cada vez mais, tendo em conta isto e sabendo que em Portugal vam ter possibilidades de tirar uma boa vaga num bom hospital passam do exame espanhol para vir ca directamente. E nao esquezam que competimos nas mesmas condicoes. Conhezo bons internos e maus internos portugueses no hospital no que trabalho. E a mesma coisa com os espanhois. O que nao se pode e ter prejuizos com nos e suponher que por ser espanhois vamos ser pésimos médicos.

7:44 da tarde  

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