domingo, dezembro 16, 2012

"El pasamanos" de Juan Muñoz e o segurança da exposição que mo explicou..

Juan Muñoz é o autor daqueles simpáticos que não param de rir no jardim da Cordoaria. Eu devo ser dos poucos que gostam do jardiam da Cordoaria como ele está hoje, ainda que inacabado. Nunca namorei ali, nem alimentei pombos  ou pardais, nem li nem dei a ler.

Ontem, dúvida mantida sobre o que fazer enquanto chove, fui para a baixa com a Cata despachar umas exposições. A última delas a "Primeira Avenida - Sentido único", nos Aliados, nº 66, com o aliciante adicional de ser uma exposição a fechar a horas tardias com peças dos fundos de Serralves.

O nº 66 dos Aliados é uma antiga dependência do Montepio. A Porto-Lazer é a madrinha desta iniciativa. À porta um segurança quase impedia a entrada, mas revelou-se de uma simpatia inexcedível ao convidar-nos a entrar. Deu-nos as indicações sobre a exposição e uma espécie de mapa explicativo. E depois avisou-nos de "uma faca" que havia numa das peças em exposição e que podia realmente cortar...

A uma rapariga de 13 anos viciada em televisão e videojogos não é fácil explicar "Arte Conceptual" como aquela que por ali havia, sobretudo quando eu próprio não captava a maior parte dos conceitos! Uma peça havia que se chamava "Trust" e que era um cabo eléctrico pintado e pendurado da parede e com os polos a nu, num desafio. O conceito aqui estava "à vista" e assim eu expliquei à minha jovem parceira de visita. Ufa... Chegámos ao fim da visita - 31 peças, a maior parte delas "impenetráveis" e virei-me para outro segurança que por ali andava e perguntei: "A faca? Não vimos nenhuma faca!". O segurança sorriu e disse: "Isso é porque passou por ela e não reparou. Eu aliás acho que se trata de uma das peças mais conseguidas da exposição, ora repare..." , e conduziu-nos até "El pasamanos" de Juan Muñoz. Não visível de longe nem de fora, colado e escondido para o lado da parede, um canivete aberto desafiava quem se confiasse àquele corrimão. "Um corrimão o que é?", prosseguia o segurança, "é algo para nos apoiarmos, mas quantas vezes nos apoiamos em alguma coisa, em alguém, e depois somos desiludidos, cortados..., como aqui!". A explicação dada pelo segurança da exposição era óbvia mas também a correcta, sem envios nem citações. Mais disse ele: "veja aquele quadro quadriculado branco" - um quadro de Julião Sarmento - "veio aí um estudante de pintura, tirou notas, esteve quase uma hora a estudar as texturas, a pôr hipóteses, e no fim perguntou o título do quadro. Saiu, eu percebi, desiludido. Por outro lado há aquela peça ali que se chama "Trust"..."