Clarice Lispector
Está por aí uma biografia desta escritora brasileira escrita pelo americano Benjamin Moser. O interesse americano ganha mais corda pelo facto de Clarice ser judia e ter nascido na Ucrânia.
Na famosa colecção de livros RTP - pre 25 de Abril - havia dois livros sobre autores brasileiros, uma antologia de poesia e uma colectânea de contos, textos curtos, que só por si já quase valiam toda a colecção. Enquanto o livro antológico da nossa poesia, organizado por Cabral do Nascimento, parava imediatamente antes do Orfeu, o da poesia brasileira, cujo compilador o nome já me escapa, entrava bem por dentro de todos os modernismo havidos e por haver, coligindo Vinicius de Moraes, Drummond de Andrade e outros monstros. Na prosa idem, e lá constava um pequeno texto de Clarice Lispector.
Progressivamente o mundo pode ter vindo a aperceber-se que a maior oferta que o português língua fez à prosa mundial do século XX possivelmente foi o que esta mulher escreveu. Ontem à noite li um pequeno conto seu, e fiquei exausto. Droga dura, flash intenso. Agora percebo porque Clarice Lispector está por aí no meu baú ainda por ler. Esta menina não facilita, as vísceras têm de estar no seu lugar para uma leitura destas.
Agora o que não tem lógica é ler a biografia ser ler um bom bocado da obra. Por isso eu vou resistir.
ps.: a capa americana (como a portuguesa) não resiste a usar o chamariz da beleza - dita lendária - da escritora. A edição brasileira não, lá não é preciso, daí o título o mais simples: "Clarice,", isso mesmo, com uma vírgula...
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