sexta-feira, janeiro 22, 2010

Poema já antigo de Helder Moura Pereira

De ti não vejo como virias pôr ordem
em qualquer casa, qualquer coração.
Assim começámos dizendo coisas
agrestes, leves cedências. Nada exijas.
Lembro-me dessa frase ou agora a tua voz
cheia de filtros a dizer-me não
te comovas. É então assim que acontece,
andamos anos e anos a fazer a crítica
dos dias iguais e depois por uma voz
por um corpo descemos ao amor, às palavras
vulgares: não posso viver sem ti.
De súbito a vontade vale, toca-me apenas.



HMP, in Os Tranquilos Sobressaltos, De Novo As Sombras e As Calmas,ed. Contexto 1990.