Mónica e o Ensino
Maria Filomena Mónica dedicou-se hoje (ou melhor ontem...) aos exames nacionais de português de 2008. Não gostou,obviamente, e por razões discutíveis elas, não o não gostar que me parece merecerá a quase unanimidade. Porém a parte mais divertida do seu texto é esta magnífica boutade (sobre o exame do 9º ano): "Seguia-se um texto de José Saramago sobre o sorriso. Não vou falar do suposto mérito literário do “nosso” Nobel, mas desejo reiterar que me parece absurdo fomentar a leitura com base em autores contemporâneos. Nem estes são de leitura acessível nem, mais importante, sabemos se têm mérito: um grande escritor é-o quando resistiu à erosão do tempo. Na segunda metade do século XIX, a elite nacional decidiu que o maior poeta português era Tomás Ribeiro, o qual, em 1862, publicara um poema intitulado "D. Jaime". O mais conceituado crítico da época, António Feliciano de Castilho, teve o desplante de considerar a obra como mais importante para o estudo da língua portuguesa do que "Os Lusíadas", o que não suscitou arrepios. Mas alguém é hoje capaz de ler, sem se rir, as linhas com que abre o "D. Jaime": “Meu Portugal, meu berço de inocente,/ lisa estrada que andei débil infante, variado jardim do adolescente,/ meu laranjal em flor sempre odorante/…”? Quem me garante que José Saramago não é o Tomás Ribeiro do século XX?"
Ora sucede que eu já morei numa rua Tomás Ribeiro, e asim mais ilustrado fiquei sobre a mesma.
Por outro lado, voltando aos exames, o mais importante é que os textos escolhidos vão pelo caminho do aborrecimento e do mínimo múltiplo comum, para variar com maus resultados. Nem um texto que entusiasme, que desafie, que leve aquele bom aluno que ocasionalmente ainda há -bom no sentido de diferente, original, insatisfeito, sem medo - a pegar no exame pelos cornos e escrever alguma coisa melhor do que o propriamente dito. Ou sequer tentar.
Etiquetas: piadinha, portugal, transcrições
1 Comments:
Jejeje...no soy experto en literatura portuguesa ni en literatura de nada, pero alguno de los libros de Saramago estan entre mis favoritos de siempre, ya lo eran antes de venirme a vivir aqui. Si es que le teneis una mania al pobre hombre que vaya por dios.
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