domingo, junho 15, 2008

Dia sim dia não

Estive há dias com um amigo meu mais velho, coitado, tem a mulher internada num hospital, doença grave. Sanguíneo, nervoso, conseguira após uma dura batalha com a instituição que a esposa, diminuída pela doença, fosse não para casa, onde ele não poderia atendê-la adequadamente, para um daqueles novos hospitais ditos “de retaguarda”, que é como quem diz: “ora põe este doente lá p’ra trás”. Adiantemos. Eu fiquei contente por ele, claro, e julgo que pela senhora em questão também, conhecia-a menos, fôra visitá-la só uma vez, não me tinha reconhecido o que nem me surpreendeu.
A conversa seguiu depois por outros caminhos, o meu amigo começou a comparar os hospitais, privados e públicos, deste país com os da África do Sul, esse país mitológico onde ele vivera já vai para mais de vinte anos, lá tudo era ideal, tudo perfeito, esta discussão já eu tinha perdido há muito ano, o meu amigo era pelo menos “sub-racista”. Viera para Portugal ainda Mandela estava na prisão, claro, o lamento foi porém não ter sido operado à próstata lá mas cá, não pelo resultado – tinha corrido bem, ainda mantinha potência e conseguia ter relações dia sim dia não – pelo resultado não mas pelo tratamento, pela lisura do manejo das questões monetárias e eu a pensar, primeiro, ó meu, afinal andas a foder quem, a mulher acamada no hospital, segundo, que aborrecimento o taxímetro, dia sim dia não, quem quer que seja a fêmea ter que estar atenta ao letreiro na porta: “hoje sim/ não hoje”…

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