sábado, junho 21, 2008

Ruy Belo

A poesia de Ruy Belo já passou hoje ao panteão dos poetas consagrados. Hoje muita gente já consegue conhecer, reconhecer, até mencionar explicitamente alguns dos poemas mais mediáticos, mais ouvidos, mais citados. Claro que, como em todos os outros grandes poetas, portugueses por ex., ao coisa tem muito mais que se lhe diga, e a poesia "extensa" de Ruy Belo, isto é, os poemas longos, e por longos quero dizer de várias páginas, até ao extremo da "Margem da Alegria", dezenas de páginas - um só poema e um só livro - o mais longo o mais belo o mais alto poema sobre Pedro e Inês.
Como ler? Não sei bem, mas é uma obrigação, devia ser um propósito nacional, nestes tempos de correrias e horas extraordinariamente nulas, poder sinceramente ler toda esta poesia de Ruy Belo.
Aé porque na imensidão de todas estas palavras rolam e rolam pérolas e pérolas da maior poesia, sem parar.

"Há certas vezes certas coisas longas como dedos
que incisivas perfuram coisas vagas como nuvens
e findam finalmente em coisas com o mar
existente no ar que envolve os aviões
Há coisas e mais coisas e a coisa que afinal eu sou
à força de a olhar se desgastou
coisa afinal sem importancia de maior
E chego finalmente ao cabo sobre o mar
e chegar é ser dia ser domingo"

extracto do poema "O tempo sim o tempo porventura"
do livro "Toda a Terra", 1976.

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