Da sedução alguns exemplos - 3
Vou dar um exemplo: um amigo meu em reunião profissional reparou no dia da despedida em determinada jovem. O lábio pequeno, trigueira como diria Júlio Dinis, olhos castanhos a perderem-se em nada, estariam todos à espera do fim daquela mesma reunião, ela de uma boleia para a cidade Invicta, parece. Há várias formas de passear uma solidão e, ao meu amigo, pareceu-lhe que aquela estava muito bem.
Seguiu-se um convite para jantar e um jantar onde a defesa sorridente de um determinado nihilismo sentimental escondia já o que aconteceria pouco tempo depois: o meu amigo teve direito a um bolo de aniversário, com festa incluída! E mais coisas se seguiram.
Lembra-se de semanas depois lhe ter comentado: “Recordas-te? Conheci-te no fim daquela reunião sobre plásticos intransmissíveis, eras tu delegava da Pratoplast, e fumavas pensativamente um cigarrro…” “Mas, eu nunca fumei, eu detesto tabaco!” replicou ela: “Deves estar a confundir-me com qualquer outra…” “Não estavas à espera de boleia do…” “Sim, mas a fumar não…, não estarás mesmo a confundir-me com...”. E ela a dar-lhe com a confusão!
O meu amigo ficou incomodado. Pelo simples facto de em dois meses de convívio a sua amada nunca ter pegado num cigarro, isso não tinha retirado daquele primeiro encontro afinal quase onírico aquela imagem cativa onde, não sabia ele muito bem agora como nem porquê, um pensativo cigarro era fumado. Por!
Foi o princípio do fim.
Etiquetas: itálico
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