quarta-feira, agosto 29, 2007

Da sedução alguns exemplos

Vou dar um exemplo: estava um amigo meu na feira do Livro, ainda as galinhas tinham dentes de leite. Não que queimasse no bolso aquele número de telefone nascido de uma mentira aquela mesma manhã, sabiam que tinha havido uma discussão, porque não um telefonema para encerrar barrreiras, fechar espectáculo.
A esse meu amigo as feiras do Livro nunca convenceram muito, confusão, calor infindo, era talvez o 1º ou 2º ano no Rosa Mota. Sucede ter o Palácio de Cristal muitas cabines telefónicas. Não se lembra o meu amigo já se, ao convidar aquela estranha mulher para um café, já tinha como adquirido que o convite terminaria na casa dela. Ele sabia que ela morava perto, hoje diríamos que vendo no Google Earth eram cinquenta metros, havia ainda por ali filmes, e um indiano na cave, de módicos preços. Subiu. O meu amigo nunca tinha subido assim para nenhum lado.
O que logo depois aconteceu não interessa muito, na prática desce tudo àquela caixa de berlindes que é a vida de cada um, caixinha que guardada está dentro muito, as cores escurecidas sobretudo se poucas vezes se tiram as pedras à luz. Ter-se-á mostrado uma que outra peça de colecção, as melhores, as com menos defeito até que, quem mais sabe terá dito: “E não vieste aqui por um café?” E quem falou levantou-se, roupas domésticas, tranquilas, assunto perdido, e com gesto decidido e em silêncio encaixou o cachimbo na máquina, deu-lhe água, corrente, e um sorriso, escorreu pouco depois o café.
E tomou-se. Mas foi aquele gesto de punho e antebraço, o encaixe sem defeito, e a capacidade de decidir e de ao mesmo tempo ali fechar e abrir o dia que mais terá convencido este meu amigo, para quê, é outra história.

Etiquetas: