quarta-feira, dezembro 14, 2005

Schwarze-nigger

Os editoriais do Público ganham quando escritos por Nuno Pacheco. E este jornalista hoje resumiu o que se pode pensar sobre a execução de Stanley Williams no estado da Califórnia (gov. A. Schwarzenegger), por 4 assassinatos cometidos há mais de 20 anos. Ele sempre negou a autoria, as campanhas a seu favor também, os familiares das vítimas dizem que finalmente justiça foi feita.
Não interessa se este homem matou ou não. Two wrongs don't make one right.
E mais importante: este homem, condenado à morte e portanto com destino traçado, arrependeu-se, ganhou uma nova vida, tornou-se, dizem, "um exemplo", tendo sido nomeado para o Nobel da Paz várias vezes! Portanto, matou-se em 2005 o homem de 2005, pelo homem que ele tinha sido em 1981.
Os exemplos que Nuno Pacheco usa (Bush, ex-alcoólico, Barroso, ex-maoísta) são claros e óbvios.
Mas mais tem que ser dito, e aqui lembro George Steiner quando diz que a Europa é a herança de duas cidades, Jerusalém e Atenas, unificando no pilar de Jerusalém uma história judaico-cristã. Não concordo. Recriando um velho raciocínio simplista que, por o ser, negado não foi ainda que eu saiba, a tradição judaica do Antigo Testamento é a da retaliação e da medida justa, o célebre "olho por olho, dente por dente". Spielberg debruçar-se-á ou não sobre isto (como o fará?) no próximo filme "Munich". Mas a tradição cristã é a da remissão dos pecados, da possibilidade do arrependimento, da regeneração sempre possível baseada no amor e no reacerto de um caminho. Aqui não é Jerusalém a falar, se calhar Jesus seria itinerante, ou então Paulo, será então Antioquia por ex., mas na forma mais púbere do cristianismo, aqui estava a rocha para nos agarrarmos em tempos impuros, em tempos exaustos.
Bush será um crente, e fervoroso. Como eu não sou. Na tradição judaica, creio (Bush). Mas não seguindo uma linha cristã. Não matarás. Isto, tanto quanto eu sei, é cristão, não judaico. E isto é o essencial, ou um deles.
Quannto a Schwarzenegger, assinou a sentença para segurar o eleitorado.

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