Glosas a uma explicação dada pelo Paulo Portas.
Os tempos irregulares de alguns verbos dão-se melhor com o fim da tarde.
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Não tarda é verão, vem a luz mais cedo, não o resto.
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Não chega mentir, faz disso um poema.
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Com a idade aprende-se a calçar os dias.
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“É terebentina a fazer de espelho, vês?” – disse, e meteu o indicador na obra de arte, atrevido.
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Vou fixar todos os nomes.
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Par de olhos: alegria! Um quilo de cerejas caía sem parar.
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Não é sempre a mesma história.
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O medo suspende a palavra “não”.
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O grande, o único descuido é não pensar (ou o contrário, não sei bem…).
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Nos intervalos do tempo donatário tomo a meia de leite morna.
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Em Portugal sempre houve pão mas escasso e, a distribui-lo, os gajos do costume.
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A maturidade é um caminho inclinado.
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Agora percebo melhor, campo de tiro.
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A minha cabeça e o centro hípico de Matosinhos, dois desertos ao sol.
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Cossaco, passeio num centro comercial, apeado de mais um domingo.
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É um muro a norte. Chega o momento e cai. O sangue que até ali te guiou abandona-te. O caminho assim aberto não é o teu.
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Dispersar os dias?
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A grinalda da alegria.
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Desenhar na mão outra linha, outra vida, como se uma pequena cirurgia.
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O real devia ir a votos.
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Oscila o absoluto amor, oscila. Mede o vento, dá-lhe uns dias. O relativo é alimento.
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Hoje vi alguém reduzido ao medo.
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Dizia Artur Parreira que o petróleo era para os povos como o sexo para as gentes, um muro a dividir a posse da pobreza. Um muro como um murro.
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O deserto muscular.
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Mais um exame neurológico a levitar sobre o campo minado.
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Descarrega por favor as tuas e as minhas armas.
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Silêncio, pedia. E um corpo mais do que razoável.
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Não somos animais, claro, mas não invadas o meu território.
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Em caso de explicação começar pelos dentes.
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Que falta me faz o hemisfério sul.
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Vinte anos, queimar. Fundar de novo. O quê? Nada. Exactamente.
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As borboletas e a sua corte acontecem em Ermesinde. Em dias morrerão, eu não. E não é isto a natureza a falar comigo?
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Atraso o passo, mais um ano em que atraso o passo.
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À clareza preferes a apenas claridade.
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Como naqueles jogos de criança, toca-se e não vale.
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O coração pela direita não faz o mesmo que o coração pela esquerda. E pela manhã o coração não é o mesmo que ao fim da tarde. Em perda distribui a suja carga pelos membros, cérebro, rins. Mas a forma como perde muda com a hora.
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Acabará esta vida por ser apenas um breve desacato?
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Cair de joelhos não adianta.
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Este não foi afinal o pior inverno de todos.
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Fio de prumo um foguete na meia.
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