21ª cefaleia.
Fui ontem buscar a minha cadela a um hospital veterinário onde esteve internada um par de semanas. Isto do internamento de cadelas dedicadas tem os seus quês. Porque também há visitas tive também direito a uns cartões. Perguntaram-me se viriam outros animais visitá-la. Respondi que não, que só eu. Esses outros animais teriam direito a um cartão especial.
A minha cadela, pela idade, é pouco efusiva no que a carinhos diz respeito. Visitá-la era portanto um acontecimento estranho. Ela olhava-me e levantava o focinho e enviava-me um cumprimento breve. Eu sentava-me e começava a contar-lhe o meu dia: Desde "Ontem, depois de sair daqui" até "Estou mesmo agora a vir de". Habitualmente neutra no que diz respeito aos meus relatos, ou apenas discretamente proactiva, a doença fazia com que Cefaleia ainda se manifestasse menos. Assim eu pensava.
Cefaleia chegou a casa, cheirou e cheirou e cheirou. Correu as divisões todas, um e o outro quarto, a casa de banho, a cozinha, a dispersa sala. Foi ao terraço e depois voltou à sala onde circulou, pesquizou, analizou. E virou-se para mim, inquisitiva: "Afinal não me contaste tudo...".
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