Das exposições que vão havendo.
A cidade do Porto por estes dias que correm não se pode queixar de falta de exposições de arte de qualidade e nome. Falemos de algumas.
A mais mediática - e ainda por cima grátis - é aquela que sateliza e que presegue a havida em Cascais, tendo como nome nuclear Paula Rego. Está na Fundação EDP, naquele discutido edifício que fica por trás da Casa da Música. E a exposição é duas. A primeira ("A Caçadora Furtiva") é de um conjunto de obras, incluindo esboços e estudos, da própria pintora Paula Rego, à volta de um tema literário, ... O imaginário de Paula Rego repete-se, donde não ter tido para mim esta sala um encanto de novidade. Aliás, confesso, nem toda a Paula Rego actual me ilumina.
Descendo, numa sala bem maior está (julgo que parte d') a escolha de Paula Rego do acervo do British Council. A exposição chama-se apropriadamente "My Choice". E aqui podemos então ter o privilégio de aceder a um bom retrato de uma ou duas gerações da pintura inglesa do pós-guerra mas não só, pela via do desenho mas também não. Temos direito a um Lucien Freud, é verdade, mas não me parece estar aqui o ponto alto da exposição, que também tem Hamilton, Hockney, Sutherland e muito mais. Um banho de inglesismo, quase todo figurativo - ora não fosse Paula Rego a escolher... - numa fase em que Londres produzia muito boa arte. Creio não lembrar F Bacon, nem um desenhinho para amostra, mas, também, não se podia ter tudo... esta exposição recomendo. Casa quase cheia, exposições muito procuradas, et pour cause, o nome de Paula Rego como chamariz...
A cidade do Porto tem um Palácio das Artes, sabiam? É verdade. Fica no Largo de São Domingos e há umas semanas - também grátis - visitei a exposição "Depois dos Quatro Vintes", onde se aborda o pos-operatório deste grupo de artistas então baseados no Porto e na ESBAP, tão importante para a 2ª metade do nosso século XX. Vintes da classificação final de curso, do tabaco, e porque eram quatro: Jorge Pinheiro, Armando Alves, Ângelo de Sousa e José Rodrigues. Nomes hoje de qualidade mais que consensual, e quando os visitei era domingo. Não importa, a visitá-los estava só eu, mais ninguém. Porquê?
Robert Morris tem em Serralves uma curiosa exposição. Esta, exceptuando domingo de manhã, se não és amigo pagas. A minha filha já a tinha visitado, repetiu comigo, "ciceroniando". "No more boring art", acho que Robert Morris deixa escrito numa das paredes. Sim? A exposição dança entre grandes objectos interactivos que são como jogos onde nos podemos equilibrar, subir, calcorrear, jogar enfim, e cuja mensagem não sei se ultrapassará o apenas "not boring". Por outro lado existem instalações e videos de pura arte conceptual onde a digamos "penetração" não é nada fácil e que, portanto, o público que pouco antes se esteve a equilibrar num fio suspenso ultrapassa olimpicamente. Meu caro Robert Morris, eu acho que o ardil não funciona... Resumindo, uma exposição que literalmente balança entre o oito... e o oitocentos. Eu, intelectualmente superior e supinamente ignorante, também me perdi na maior parte das instalações e vídeos...
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