sábado, dezembro 01, 2007

Do Iluminismo


Longe de mim usurpar o papel de historiadores que, recuando na análise dos tempos buscam sedimentar pistas para os tempos que correm, os tempos que virão.
Os tempos presentes, porém, lembram-se repetidamente anos, décadas de um século, o XVIII, onde à opulência de tempos e convenções se veio sobrepor as luzes de alguns filósofos e enciclopedistas, e depois a revolução, e depois o terror.
Hoje as luzes estão nas vozes que semanalmente balizam televisivamente o que pensar, ler, decidir. E as luzes estão ainda mais nos gabinetes onde diariamente se decide para onde vamos. Os seus Watts são potentíssimos, ultrapassam em muito o farol da Boa Nova que diariamente me recebe em casa. Iluminam longe, e por fora e por dentro das cabeças e dos corações. Ou assim pretendem. E, uma luz, como escrutiná-la? Como sufragá-la? Como reprová-la, se eventualmente queimar? O tempo das luzes não foi o mais democrático dos tempos, com a excepção atenta da constituição americana. Os iluministas tinham porém uma ideia de tempo, de rio que flui, de progresso de uma sociedade que hoje não há. Vive-se hoje agora. As luzes instituídas o que buscam é apenas rodear-se de jogos de espelhos que as amplifiquem sem mais, numa ilusão de uma grandeza inexistente. E buscam perpetuar-se tentando iludir o sufrágio, o escrutínio, aquele sistema que, acreditamos, ainda será o menos mau dos sistemas, até ver. Estas luzes são falsas, e nada acescentam. Está este rio parado.

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