quarta-feira, janeiro 31, 2007

O caso do poder paternal sobre a menina da Sertã


O mundo está cheio de caixas, fechadas como se supõe por inúmeras chaves, mas ao lado das quais sempre espreita uma mulher curiosa, símbolo da nossa sempre vontade de espreitar e ver como seria se as coisas fossem diferentes do que devem ser...

Pandora está também à espreita neste caso da Sertã. Sugiro a leitura atenta do acórdão do Conselho Superior de Magistratura, para perceber que a história não começou ontem mas sim há5 anos, quando a criança nasceu. E que foram, são e sempre serão adultos a decidir do melhor interesse desta criança. Neste caso um casal que há mais de 3 anos se nega a cumprir ordens judiciais, pois sabe que o tempo corre a seu favor. Luis é sargento e casado, Baltazar carpinteiro-serralheiro desempregado e vive com. Baltazar é o pai. Luis não.
Cuidado com as lentes de aumentar, com as lentes de diminuir, para bem observar este caso. As crianças não devem estar - claro - com os pais que são maus. Este pai nunca chegou a ser pai. Há 4 anos que não o deixam ser. Nem bom nem mau. O bem desta criança está mal traçado desde longe. O seu começo não foi feliz, pois o seu aparecimento foi, chamemos-lhe, fortuito. Meses depois, alguém começou a decidir por ela um destino. Abusivamente. Às crianças não se aplica a lógica do usucapião. Ou sim? O casal que tanto se preocupa com o seu futuro tem-na agora como uma fugitiva da lei. Não deveria aos 5 anos estar num qualquer pré-escolar a conviver com outras crianças da mesma idade em vez de casas e casas de persianas corridas?

Vejo aqui mais uma razão para ir esperar a minha filha todos os dias à porta da escola.

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