terça-feira, julho 11, 2006

La Alpujarra


Ninguém sabe dizer muito bem porque há aqui terras que se chamam assim – Capileira, Pampaneira, Ferreira… - e insiste-se que o repovoamento por gente setentrional, galegos por ex., após a expulsão dos muçulmanos não conversos no início de seiscentos, afinal não terá nada a ver.
O certo é que na Alpujarra, comarca do Andaluz que corresponde à cara sul da Sierra Nevada, estes nomes proliferam.
E assim nestas últimas férias lá subimos a Capileira, vilazinha branca a 1450 metros de altitude na cara leste do barranco de Poqueira, a primeira das grandes fracturas que vão modelando as Alpujarras.
O lado mais soalheiro deve ser, pois nele se sucedem então Pampaneira, Bubión e Capileira. O postal que congrega as três povoações brancas, a garganta do barranco e o Mulhácen nevado com os seus 3482 m ao fundo é um must. Só que desta vez no Mulhácen não se via neve. No Veleta sim, como gotas.
Em Capileira almoçámos. Saindo da rua principal o turismo desvanece-se um pouco. A Alpujarra tem um tipo de casa típico. Casa branca, telhado horizontal debruado a pedra, chaminés verticais enchapeladas. A imagem ajuda a entender melhor o que eu quero dizer. Capileira é um emaranhado destas casas. A 2ª habitação, o apartamento para o verão já é frequente, e procura não destoar, mas com alguma dificultade.
Dominam-se panorâmicas desconhecidas em Portugal. Subimos e descemos 3000 metros com a vista, se pensarmos que o rio Poqueira é o degelo das neves do Veleta e do Mulhácen. O fim do barranco é o vale do rio Guadalfeo e de Órgiva , a 400 m apenas acima do nível do mar. Do qual – mar - nos separa a Sierra de Lújar, 1800 m de altura.
Tudo isto apreciámos enquanto faziámos um pequenino percurso no barranco, que nos demorou… 3 horas. As duas vertentes do barranco diferem na vegetação, pois a mais povoada, virada a (sud)oeste predomina a azinheira, na virada a (nor)deste o castanheiro. Climas diferentes separados por uma pequena torrente de água. Andámos e andámos. Insectos muitos, e pássaros. Dois cavalitos. E os castanheiros mais floridos que eu já vi em anos. À latitude do Algarve.
O fim da tarde foi feito a serpentear para casa. Por uma vez não protestámos.

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