terça-feira, maio 30, 2006

Nosso Amiguinho

Hoje fui buscar a minha filha à escola primária para depois a levar ao ballet.
Toda ladina, mal me viu disse-me "Ah, amanhã tenho que levar em cheque ou notas trinta euros para a assinatura de uma revista, que está dentro da mochila". A isto chama-se a "táctica PT Telecom aplicada às escolas primárias"; os 30 € seriam para uma assinatura anual de uma revista comercial que nada tem a ver com a escola, embora pergunte eu - e em Julho, e em Agosto? A conivência do professorado com este "Norteshopping vai à escola" impressiona. E tudo isto da boca da minha filha - nem um papelito, nem um esclarecimento, a ver se "cola".
By the way, na revista, que juntos folheámos, encontrei três anedotas, três, actualíssimas e que aqui vão, antes de a revista ser devidamente devolvida à procedência:

a) "No supermercado:
-Porque é que estás a abrir o pacote de leite?
- Porque a caixa diz: "Abra aqui"."
(em três linhas o velho diálogo entre a compulsão, o risco e a procura do prazer, não sendo discipienda a referência láctea...)

b) "Na aula:
- Toninho, sabes alguma coisa sobre os marinheiros antigos?
- Sei!
- O quê?
- Que já morreram!
(as gerações de hoje como gerações sem memória, o nihilismo e as botas Doc Martens, etc., etc.)

c) "- Porque é que os elefantes são grandes, cinzentos e têm rugas?
- É que se fossem pequenos, brancos e lisos eram aspirinas!"
(os truísmos como forma de ancoragem numa época sem referências ou modelos, a aspirina como panaceia universal, o elefante como metáfora para o facto de que Lobo Antunes jamais será Nobel)

P.s.: a revista até é fixe...

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