sexta-feira, abril 21, 2006

Infinito Particular 2006 Marisa Monte


Molte anni fa, na cidade de'A Coruña, assisti a um concerto desta menina, digressão a suceder ao Barulhinho Bom. Marisa Monte é alta, magra, não muito bonita, e mexe muito. Não é Ivette Sangalo nem precisa, o samba está lá como em todas as brasileiras, mas não espanta. E canta com as mãos. Puxa a assistência para as canções. Ou puxava - este espectáculo foi há 7-8 anos.
Discografia esparsa, e com frequência muito boa. E agora? Infinito Particular vem - não se pode esquecer - depois do sucesso enorme dos Tribalistas. E muitas canções são da autoria do trio maravilha. Porém, suponho que por vontade própria, nem C Brown nem A Antunes tocam sequer um instrumento que seja, ou completam vozes.
Disco que não chega a 40', tem porém canções que chegue. É raro o tema que ultrapasse os 3'. Letras muitas lindíssimas - sobretudo as saídas do trio mencionado. Disco discreto, calmo, melancólico. E aqui chegamos ao busílis da questão: Estes 40' soam um pouco todos da mesma forma. Primeiro, a produção não é Carlinhos Brown. É boa, mas não superlativa. E assim, esta dúzia de canções, todas boas e algumas excelentes, para serem defendidas todas por igual - ou por diferente, uma a uma, precisavam de mais génio sonoro, o que não equivale obrigatoriamente a mais som... O que leva ao paradoxo de se pensar que se a selecção das canções tivesse sido mais estrita, estaríamos mais contentes...
Por outro lado, a costela pop - e é isto que Marisa Monte é, uma cantora pop brasileira, a pessoa cujo ecletismo na actualidade mais se aproxima do papa Caetano, não tem aqui o gás de alguns temas mais mexidos, mais quentes que MM já nos ofereceu antes.
Lembro-me de uma entrevista em que MM assumia o facto de o que ela quisesse gravar gravava, sem entraves nem mais considerações. Toda a entronização leva ao vício. The quest for excellence needs a bit of a fight.
Claro que meia dúzia destas canções são para sempre, claro que está bem comprado. Mas...

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