quarta-feira, janeiro 09, 2013

O que eu acho do Sporting.

Sou do Sporting desde os meus cinco anos de idade. Em Ovar na minha infância só havia gente do Sporting e do Benfica, os clubes que naquele tempo ganhavam. Conheci o 1º puto do Porto aos onze, o meu amigo Xico Pinho. A primeira grande equipa de futebol portuguesa foi do Sporting nos anos cinquenta, com Peyroteu e os Cinco Violinos. Nos anos setenta e oitenta conheci equipas menos boas a representar o Sporting. Foi no tempo em que, depois de um sr. João Rocha achar que "o clube sou eu", não havia rumo para contrapor à teimosia benfiquista e ao subir progressivo do poderio portista. Dois campeonatos e uma coisa chamada a sorte do futebol serviram para amenizar a coisa. Outra amenização foi o desenvolver da melhor escola de futebol do país - e das melhores da Europa. O dois campeonatos nasceram em circunstâncias especiais astrológicas mas nenhum deles baseado exclusivamente ou predominantemente em jogadores da escola: lembremos o famoso equívoco que foi o ano Carlos Queirós. O 1º título, conseguido com Augusto Inácio, era Vidigal + 10, onde pontificava a surpresa Acosta. O 2º título nasce com a contratação surpresa de Mário Jardel em Janeiro para substituir um avançado compatriota de Boloni que se tinha lesionado. João Pinto a centrar e o resto foi história. Entretanto... o Benfica, depois de um ano desastroso em que ficou em sétimo ou oitavo, apanhou o comboio Vieira e começou a engrossar o discurso e os cofres. Por outro lado, o Porto teve a sequência Mourinho-Jesualdo-Vilas Boas e grandes jogadores a acompanhar. Progressivamente e com a lei Bosman a mandar os plantéis de Porto e Benfica foram ficando bem + caros (ie, melhores) que o do Sporting, e este, apesar da arte 1º de Peseiro e depois de Paulo Bento (e até antes de Fernando Santos), foi jogando eternamente para o segundo lugar. O futuro do Sporting começou a desenhar-se num certo e determinado golo de Luisão...
As equipas de Paulo Bento foram cada vez + Escola & Liedson & jogadores novos em rodagem para a Europa. O Sporting começou a ser visto não como uma equipa que pode ganhar títulos mas sim como um plantel para optimizar e vender jogadores novos e apetecíveis para os grandes da Europa. Ronaldo, Simão Sabrosa, Quaresma, Nani... o Sporting foi municiando a Europa com extremos de qualidade. E também médios como Miguel Veloso e... João Moutinho, infelizmente este rumando ao Porto. Porto que é Europa, como quando teve um campeonato oferecido por um regressado Quaresma, ou, indo ao Benfica, quando este viveu alguns anos de Simão Sabrosa, também regressado do Barcelona. No léxico a palavra possível deixou de ser "Campeão" e passou a ser "Formação" ou, pior ainda, "Rotação"! Um Paulo Bento exausto, sózinho e sem armas para combater este lento deslizar para a irrelevância - uma equipa é tão mais importante quanto os seus jogadores nela querem ficar, não sair - deu lugar a um purgatório que desembocou em Godinho Lopes.
Ora o que pretendeu fazer a equipa de Godinho Lopes? Na prática amplificar a lógica da plataforma giratória de jogadores, agora indo buscar uma dezena de promessas estrangeiras pertencendo mais a fundos de jogadores do que ao clube propriamente dito, que após um dois anos de "dar-nas-vistas" seriam revendidos por quatro vezes o preço de custo. Isto aplicava-se a Capel, Carrillo, Jeffren, Labiad, Pranic, Viola, Volfswinkel, Elias, etc. Povo que nunca provara a camisola do Sporting. Daqui nasceria um campeonato, a promessa expressa alto e bom som por Godinho Lopes? A chave do castelo foi entregue a Domingos Paciência. Só que o castelo não tinha meio-campo, vendido Matias Fernandez... e uma dúzia de rapazes cheios de ilusões não fazem uma equipa...
Passado um ano, e vendido o capitão da equipa por 750mil euros ao... Reading, quo vadis Sporting? Hoje o Sporting é um cemitério de jogadores, onde ninguém quer jogar- e veja-se como o Sporting "enterrou" o Vukcevic, premonitoriamente... Dificilmente vai à Europa, joga como se uma equipa de meninos se tratasse, arrisca-se a piorar a sua pior classificação de sempre no campeonato português - que, sim, é - já aconteceu... - um nono lugar... - e está condenado a levar anos até conseguir outra vez aproximar-se do nível competitivo de Benfica e Porto.