segunda-feira, outubro 22, 2012

Dias tão cheios!, uma homenagem ao Calvin & Hobbes com a ajuda do padre José Nuno.

Falo da quinta e da sexta-feira passadas, falo desses dias! A noite de quarta para quinta tinha sido um pouco amiga. Saí para resolver uma inundação quinta de manhã, voltei para presenciar outra inundação. Era a apresentação pública do seu livro, José Nuno. Falemos das coisas importantes, porque o resto, água embora muita, não conta. Importante foi reencontrar o prof Walter Osswald. Importante foi que o prof Filipe Almeida não tivesse rasgado o seu discurso. Que em resposta o Zé Nuno o tenha tratado por tu. Que tenha clamado pelas enfermeiras/os, dizendo o quão mais perto estão da morte de todos estes nossos doentes. E finalmente percebi porque continua "aqui". E, depois, houve um perfume de Daniel Faria. Possivelmente nem o José Nuno sabe (eu acho que sabe) quanto a morte funesta do poeta Daniel Faria no nosso Hospital o terá motivado para as suas actuais andanças, novas andanças já quase velhas como o Demónio da Morte o é. Perdoará a glosa de Jorge de Sena mas não consegui resistir, e assim até remeto para alguma discordância. A palavra "lugar" era uma palavra do Daniel Faria, não era? "Os homens que são como lugares mal situados." Até ao morrer.

Dias importantes na minha vida houve duas dúzias. Tenho sorte. Num deles deu-me livros do Daniel Faria. Mas passaram anos. Olhe, parabéns. Não comprei mas vou comprar. O seu livro. E admirei a luva branca que usou (sem usar) sempre, e como conseguiu que tudo acabasse a tempo e bem, como se amigos. Almocei - optimamente, para variar - e depois reinventei a aula do costume. Boa reinvenção terá sido, pois um casal de alunos veio conversar comigo no fim sobre "o futuro". Mandei-lhes com um pouco de romance para cima, um misto de Doctor House e Fernando Namora, lá foram contentes, enganei-os. Engano-me eu todos os dias assim, porque não eles? Sobre o resto de quinta-feira posso dizer que passam os anos e eu não ultrapasso isto de ser apenas um cozinheiro de omeletes. Porque não sei.
Sexta feira começou bem, ofereceram-me pão recém-cozido, quem o cozeu ofereceu. Está congelado. Isto foi o melhor do dia. Isto e uma visita à sua capela, José Nuno, que fica bem lá no alto. Depois foi só a descer.


"E se não escrever o teu nome / Como direi a alegria ao mundo?" (Daniel Faria)