sábado, outubro 06, 2012

Zelig mete água.

Podia ir pelo caminho mais fácil, o de comparar o meu quarto de há três, quatro anos, com um barco que mete água. Só que a água vinha de cima e, aqui e ali, era uma cachoeira, era como que um castigo divino. Vinha de cima, repito.
Levou um ano a conseguir reparar as fendas e crateras enormes que no "céu" daquele quarto estavam escancaradas. O "céu", outra metáfora fácil, nunca volta a ser o mesmo para ninguém, se reparado.
 
Ontem de manhã começou a pingar na minha casa de banho. Hoje não pinga, pinga e repinga, em quatro sítios. Parece ser o bidé do quarto andar. Hoje curiosamente uma superfície frontal de goteiras formou-se também logo para fora do meu quarto, no coberto que já foi um varandim. Será um tubo de drenagem do prédio. Nas águas como nas doenças, será uma fuga de cada vez, mas ocasionalmente não é assim. Dirão que me sinto cercado. Que ontem como hoje e assim será amanhã. Dando o pequeno passo para o lado eu sei, não irei parar de metê-la, a água.
 
Medindo bem as condições atmosféricas, de ontem, de hoje, vejo o registo de aguaceiros, hoje, ontem. Como não molhar-me? É secar, seguir em frente. E aprender sempre. Não há coisa mais difícil de estudar do que... o tempo.