terça-feira, novembro 15, 2011

Vinte Anos Depois

Hoje já não acho ser compreensiva de alguém a definição do alguém através de meia dúzia de livros, meia dúzia de discos, meia dúzia de gestos, meia dúzia de frases.
E porém eu gosto imenso dos dois volumes de Alexandre Dumas, edição da Livraria Lello e compra em 1938 pelo meu avô Manoel de Oliveira Muge. Que estariam na minha meia dúzia de livros.
Em contraponto ao duplo volume 1º deste tríptico (sim, porque ainda há o "Visconde de Bragelonne", em três tomos), o clássico de aventuras "Os Três Mosqueteiros", e que é puro Spielberg século XIX, "Vinte Anos Depois" tem a pâtine crepuscular do reencontro dos quatro amigos nossos conhecidos já naquela meia-idade que, então como hoje, pede uma última aventura, um último desejo. Disto trata este livro, mas também da amizade. Porque estes livros, se mais não ensinavam, serviam para explicar, a quem os lia, que a amizade não se mede nem se pesa, e que a amizade não pede hesitações. Estes amigos conhecem-se até ao defeito. Mas a grande amizade engole os defeitos e alimenta-se deles, tais os reencontros de D'Artagnan com Aramis, com Portos, com Atos. Ele conhece os defeitos dos seus amigos e portanto sabe onde os encontrar e como os ler e trabalhar. As circunstâncias da vida - ou a trama dramática de um romance - podem levar ao quase confronto. Porque também não há amizades inocentes. Mas eis uma linha que não se atravessa. Não se atravessa (não é, Filipe?)! Disto trata este livro e chega!



em 1991 prestava eu serviço militar e era interno complementar de 1º ano, morando na rua de monsanto... a auto-estrada terminava em condeixa e o clio sport do luis lopes batia recordes até à coina onde punhamos o eurico a mijar horrores devido ao lasix... depois fazia a constituição às tantas com os despojos de uma jogatana nocturna, era a despedida do américo couto.. e ainda depois nas velas em s.jorge ouvia o pôr-do-sol a contemplar uma música leve, leve, fumava um cigarro longo, longo, e foi então que, de repente, a epifania: se calhar, pensando bem...


e hoje, passados vinte anos, estarei já a pensar bem?