Isto dos casamentos...
Isto dos casamentos é uma indústria importante. E eles ainda acontecem, nestes tempos de estreitamento, de bolsas e de saídas, ainda há quem procure os amplos espaços de um templo para professar os votos daquilo que é, antes do mais, uma firme promessa de construção civil: “para ti farei uma casa e ela será rochedo intransponível, infranqueável”. Quem promete? Hoje assume-se que aqui há equilíbrio e que um ao outro prometem o mesmo, com nuances de tom e de espírito, e de corpo também.
Hoje o país agradece que se casem as pessoas. A construção civil, como já dito, pois uma nova sede será construída para este par de escuteiros. Depois, a indústria têxtil, já que há que vestir os convivas. A seguir a restauração, pois há que alimentar e embebedar os convivas. E finalmente a indústria das inutilidades de que o covil dos lobitos será ataviado, e aqui entra a famosa subindústria das “listas de casamento”.
Bom, destilado o fel sobre um peditório onde eu já andei com o saquinho a pedir uma e... outra vez, cabe-me aqui dizer que irei no próximo sábado assistir ao casamento de dois amigos meus. NADA do que acima foi dito se lhes aplica. Nem um cêntimo. E porém passeei há uns dias pela deles “lista de casamento”. Levava um topo de gasto decidido, e pouco o ultrapassei, embora os valores em jogo fossem uma humilhação. E porém sempre a poesia nos permite uma solução simples. Falo dos meus amigos Rosário e Júlio, deles falo. A Rosário conheço eu bem. Ele há o fogo, e elas há umas pessoas, não muitas – então mulheres… - pelas quais as minhas mãos ao fogo desciam sem hesitação. A Rosário está aí, e daí não vai sair. Acontece que casam. Há aquele poema de Camões sobre Jacob pastor e o seu tempo de sete anos a servir para obter a sua amada, que mais sete anos seriam "não fora para tão longo amor tão curta a vida". “Servir” a palavra chave que decifra o sentimento de Jacob. Servir a amada. Não há melhor, não há maior plano. Eu sei que o plano do Júlio é este, tenho aliás a mais absoluta das certezas. Felizmente, na malfadada “lista”, os objectos que”serviam” eram poucos, três se não me engano, e o cômputo geral do seu ónus monetário em pouco ultrapassava o valor conjurado. Assim se fez e aqui se explica o enredo. Júlio, aqui tens a minha ajuda. Servirás, dupla palavra como as portuguesas todas. Trabalhos de encaixe, opção primeira, segunda e terceira. Parabéns, meus caros, parabéns. Sabem – sabes, Rosarinho, não sabes? – que nas coisas do céu eu não acredito muito ou melhor, quase nada, mas se casamento houve feito nos céus, foi este. Eu pessoalmente adivinho que foi também bem na terra pois o céu mais não será que um espelho melhorado onde revemos os nossos sonhos olhando para cima, e ainda há quem sonhe com as estrelas!
Parabéns, e… boa sorte! Que também precisa é…
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