sábado, junho 19, 2010

Morreram.

Morreram António Manuel Couto Viana e José Saramago.
Tenho demorado em encontrar o que escrever. Poesia à qual nem sempre adiro, sobre Couto Viana a crítica tem-se posicionado entre o incenso e a ignorância. Foi fundador da "Távola Redonda" e talvez tenham mais valia poemas antigos dos anos 50 e 60, aos quais não consigo aceder, que a poesia mais recente, cujo anacronismo, parece-me, nem sempre é sobrelevado pelo valor facial.

Outra coisa José Saramago. Vou rodear a prosa, o homem, o personagem público. Fico-me pelo discurso de aceitação do Nobel, em 1998, que é um lugar-comum dizer que só nos honra, enquanto portugueses, que um português o tenha pronunciado. Está aqui. Por outro lado José Saramago foi poeta, arrumado numa 2ª vaga neo-realista por Ramos Rosa, com 1º livro em 66 chamado "Os Poemas Possíveis". Só por este título, de uma honestidade franca, e já revelador do Saramago futuro em atitude e inteireza, um abraço. E uma sugestão póstuma, dentro de uma lógica última: que parte das cinzas fiquem em Lanzarote, onde foste mais e finalmente feliz.Assim eu faria.