quarta-feira, março 17, 2010

Iceland

Acordo, é de manhã, está imenso frio. Como se estivesse num país muito ao norte. Pego nas minhas coisas, ato-lhes um atilho. Pelo atilho atiro-as pela janela. De fora para dentro para fora. Deus sabe onde irão cair. E eu com elas. Nas minhas coisas está o que resta de mim. São muitas, não são muitas. Escolhi. Utilizei números redondos. Caixas rectangulares que antes transportavam óleos, azeite, produtos outros de mercearia. Das caixas vão as minhas coisas sair com marcas, rasgões, eu não diria maltratos. Transformadas sim, certamente. Numa capa duma revista, num livro, num velho LP, talvez apareça por este método engenhoso finalmente o mapa, o caminho, o sentido para tudo isto. Ou não. Sinto-me de mim alfaiate, o tecido fraco e feio, e meio. As linhas que cosem em desalinho que não se resolve. Não se resolve. Sempre foi assim. (Carlos Bica - Believer)

01 Iceland.mp3