segunda-feira, dezembro 21, 2009

AFA outra vez

Assim, um dia, viajei para norte
por ímpares estradas sob o míssil doirado
diversamente chamado sol ou lua,
saber da tua sorte; vim dar
a esta superfície sem desenho
onde a terra e os gelos se misturam
e o silêncio é perfeito e permanente.
Fizeste, do teu rosto, um muro alto,
são dentes os teus dedos, fino seixo
o coração pequeno e ocupado,
e transformaste a língua num bocado
de areia fria misturado ao lixo.
E ainda assim persisto, porque sei
que por amor nos basta o que te tenho.


António Franco Alexandre, Duende 2002, Ass&Alvim.