Itapuã existe mesmo?
"Um velho calção de banho
O dia pra vadiar
Um mar que não tem tamanho
E um arco-íris no ar
Depois na praça Caymmi
Sentir preguiça no corpo
E numa esteira de vime
Beber uma água de coco
É bom
Passar uma tarde em Itapuã
Ao sol que arde em Itapuã
Ouvindo o mar de Itapuã
Falar de amor em Itapuã
Enquanto o mar inaugura
Um verde novinho em folha
Argumentar com doçura
Com uma cachaça de rolha
E com o olhar esquecido
No encontro de céu e mar
Bem devagar ir sentindo
A terra toda a rodar
É bom
Passar uma tarde em Itapuã
Ao sol que arde em Itapuã
Ouvindo o mar de Itapuã
Falar de amor em Itapuã
Depois sentir o arrepio
Do vento que a noite traz
E o diz-que-diz-que macio
Que brota dos coqueirais
E nos espaços serenos
Sem ontem nem amanhã
Dormir nos braços morenos
Da lua de Itapuã
É bom
Passar uma tarde em Itapuã
Ao sol que arde em Itapuã
Ouvindo o mar de Itapuã
Falar de amor em Itapuã"
Fiz alguma auto-estrada a ouvir Vinicius e Toquinho. Levava anos sem ouvir estes dois. E para mim Vinicius é Itapuã e esta canção. Há um paraíso aqui descrito. E quem não o deseja, quem não o procura? O velho calção de banho, a cachaça de rolha, falar de amor em Itapuã. Já ninguém fala de amor onde quer que seja, embora Itapuã fosse um sítio a preferir, com milhas de antecipação e brilho. E o mar todo...
Talvez este Brasil de Vinicius e Toquinho na realidade nunca tenha existido mas... a realidade, meus amigos, a realidade deixem que vos diga...
Ora onde tenho eu o velho calção de banho...
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