sexta-feira, fevereiro 29, 2008

O Sr. Sousa

Falo do meu amigo Sousa, Sr. Sousa claro, outro com idade para ser meu pai, 74 anos no activo. É o meu mecânico, ali da Leixonense em frente à Mauritânia, garagem aberta há mais de 50 anos. Não sei porém quem é de quem, tantas as suaves lições que o Sr. Sousa já me tentou dar sobre a complicada engenharia do Seat Ibiza ou da Renault Scénic. Devo-lhe ainda o ter levado o Ibiza à inspecção a semana que passou, e vou pagar-lhe depressinha, superstição que nasce do facto do meu amigo Sousa estar internado em Intensivos, com uma falência multiorgânica. Um seu funcionário, o Sr. Lugarinho, empregado ali 45 anos, desde os 15, pessoa tímida e fugidia de fala enrolada, terá chorado à beira do meu homem, sedado, ventilado, como uma criança. Lembro-me de ir deixar o Ibiza para uma qualquer revisão e encontrar o Sousa, no seu gabinete da garagem a ser escanhoado às sete e meia da manhã. Assim se faz, ssim se vive. Morador da Barranha, que é aquele bairro que liga Matosinhos à Sra da Hora, a enchapelar a zona da feira. Nasceu na travessa do Loureiro, que é cinquenta metros acima de onde moro. Matosinhos puro, um aristocrata. E eu peço encarecidamente ao Sr. Sousa que não morra. Mecânicos como o senhor haverá poucos. Gente, não conheço.

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