quarta-feira, novembro 08, 2006

Carta Segunda

Minha cara amiga:

Ultimamente não tenho podido ir tomar café consigo.
Eu explico: não me deixam. Encontro-a sempre rodeada de gente mais jovem ou não, mas que busca em si o mesmo serviço no qual disfarço a minha especial atenção – querem comer. Acontece tudo isto em dia de particular rebuliço nos meus afazeres profissionais. Confesso porém que a sua silhueta magra e angulosa tem preenchido alguns dos espaços em branco em que paralizo os meus dias.

Estimo particularmente os poucos dias em que me deparei consigo em exérese do seu uniforme profissional, dotada portanto de roupa outra, onde notei afinal alguma instabilidade, perdoe-me a liberdade, na sua própria definição do feminino. Porém, ao seu livro de imagens, como catálogo profissional, não têm sido adicionadas novas vinhetas nestas últimas semanas, e disso se ressente o seu autor, este modesto fotógrafo ignaro e ridículo.
Nasce esta carta porém não de um desespero mas de uma emenda, palavra interessante que até tem nome de rua: alteradas que foram as minhas rotinas queria combinar com a minha cara amiga nova rotina estimulante esta, cuja duração e dimensão não necessitaria ser nem "curto" nem "comprido". Julgo que ainda se lembrará que eu o café quero-o normal.


Atentamente seu

W.

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