sexta-feira, março 31, 2006

Vivement La France


Amanhã por esta hora já saberemos se Jacques Chirac vai ou não promulgar a lei sobre a igualdade de oportunidades cujo artigo 8º, conhecido como CPE, está no centro da discórdia e das manifestações de centenas de milhares de pessoas que, um pouco por toda a França, têm acontecido nos últimos dias.
Acontece muito do que se tem escrito sobre o CPE ora nasce do pouco saber ora de pressupostos ideológicos que tornam fácil decidir onde está o bem e onde está o mal.
O CPE represnta a liberalização completa do despedimento no 1º contrato até aos 26 anos de idade, e representa uma tentativa liberal e desesperada (ou oportunista...) para responder às pretéritas manifestações dos jovens suburbanos, imigrantes de 2ª e 3ª geração, a maior parte deles no desemprego e sem perspectivas de arranjar um. Ao dar poder discricionário ao empregador, esta lei pretende resolver este impasse. Pode-se discordar. Mas é um primeiro passo.
Aliás, hoje quem está na rua não são os mesmos rapazes de há uns meses, mas sim os filhos da classe média que, eles sim, ambicionam - e foi-lhes prometido - emprego fixo e rapidamente definitivo para toda a vida, como por ex. o dos seus pais, os quais também descem à rua em apoio. Atrás está toda a esquerda, claro, exultante e inconsciente, 50% de uma coisa e 50% de outra.
Os franceses adoram isto de descer à rua. Está-lhes no sangue, e hoje em dia é quase a única forma de ainda serem notícia.
Acontece que sondagens recentes, e que englobam muitas pessoas que não desceram à rua, mostram que o movimento anti-CPE é maioritário, mas por estreita margem. E por outro lado temos aquela verdade verdadeira que é a economia francesa estar parada há uns anos... e os subúrbios terem 40% de jovens desempregados.
Trata-se de mais um caso clássico de 8 ou 80, sendo 8 a lei que existe, e 80 o CPE.
Todos nós sabemos que vamos ter que ficar pelos 65...

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