segunda-feira, fevereiro 13, 2006

Em defesa de Paulo Pedroso


Diariamente uma pessoa que um tribunal português de alta (/última?) instância declarou inocente vê o seu nome associado a práticas criminosas: essa pessoa é Paulo Pedroso.
Praticamente em todas as sessões do julgamento Casa Pia, as testemunhas de acusação, as prováveis vítimas de sevícias sexuais, vão referindo vários dos presentes acusados e quase sempre mais um. Lembro, se lembrar é preciso, que ainda ninguém foi declarado culpado do que quer que fosse, e que a verdade está longe de estar decifrada. E que também a regra do fumo e do fogo está arredada da justiça ocidental (e portuguesa) há muitas décadas, para não dizer séculos.
Quando tentou, desastradamente, voltar à Assembleia da República, Paulo Pedroso aprendeu dolorosamente que o julgamento político e o julgamento público são diferentes do julgamento judicial. Isto é, ele é visto pelo público como apenas "não declarado culpado", e pelos seus pares também. Actualmente está na Roménia a trabalhar para a União Europeia, como perito em trabalho.
Aqui há 3-4 anos, Paulo Pedroso era dos mais assíduos escribas no jornal "Público", onde tentava repensar a ideologia e o caminho de um Partido Socialista cada vez com menos ambas as coisas. Era então líder do PS Ferro Rodrigues, e era Paulo Pedroso a sua cabeça pensante. Se não fosse o processo Casa Pia, Ferro Rodrigues seria hoje Primeiro-Ministro: a comédia Durão-Santana teria acontecido na mesma, e o trono nacional teria sido oferecido ao PS.
PS que hoje não pensa. PS que hoje só mede e reforça as amarras com que cada vez mais se cose ao poder fundamento da coisa.
Não parece incomodar quase ninguém esta diária menção num determinado tribunal, e ecoada pelos jornais, a uma pessoa declarada inocente. Um dos mais promissores jovens criadores de política em Portugal. Que hoje já quase não temos nenhuns. A verdade? Jamais será conhecida, todos pensamos assim. O porquê do assassinato político?
Eu entendo.

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1 Comments:

Blogger miguelbarbosa said...

Posição corajosa, contra a corrente! Incomoda a todos ver Paulo Pedroso como vítima; estamos já demasiado habituados a "pensá-lo" como suspeito. Esta perspectiva é deveras interessante...

8:06 da tarde  

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