terça-feira, outubro 11, 2005

Godinho

A todos os que dizem que já não é preciso fazer política, eu sugiro que esperem o seu filho/filha à porta da escola da Rua do Godinho, em Matosinhos. À porta uma multidão de gente variada, o povo mais puro de Matosinhos, gente do porto, dos restaurantes, do comércio, gente desempregada, muitos avós, tios, irmãos mais velhos, algum que outro “quadro”, eu por ex. Porteiro não há, que o estado e os pais decidiram não pagar. Vem uma auxiliar e depois da campainha a porta é aberta. Uns pais que entram, outros que esperam, a confusão mais completa. As velocidades diferentes de crianças com diferentes idades, saltando, pulando, buscando a amarra do familiar que vem buscar. Não há criança que daqui saia sózinha, os tempos são assim. Vizinhos levam vizinhos, ou param os miúdos mais “generosos” – Espera pelo teu pai , ó Migueli! E o Miguel espera.
E as crianças? São fantásticas! E não é este o momento para ficarmos tristes, embora seja fácil perceber que grande parte destas crianças de Matosinhos “não irão longe”. Por limitações que lhes serão impostas pelos pais, pela sociedade, pelo estado demitido. E que naquele preciso momento em que trespassam a velocidade do som ao saír da escola, estão a acontecer, lenta mas seguramente. E porém são fantásticas, estas crianças. E por hoje é isto! Os portugueses podem não ser grande coisa, mas as suas crianças são o máximo!

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