domingo, outubro 24, 2010

16ª Cefaleia.

A minha cadela está doente. Levei-a a um veterinário.
O veterinário observou-a com atenção e logo disse: "A sua cadela está triste!". A acrescentou: "Também pode ser o baço...". Receitou umas vitaminas e recomendou passeios, saídas, arejo. Nada de grandes esforços! "Volte dentro de um mês para ver como estão as coisas!"

Não é a minha cadela que está triste. E eu sei porque está ela triste.
O baço é a central de defesa do organismo das cadelas. Nos homens também. A minha cadela nunca precisou de defender-se de nada. Defendi-a eu sempre de tudo. A semana passada passeávamos e ela pisou um vidro e sangrou um pouco da pata esquerda. Olhou-me a gemer, acusadora. Como pedir-lhe desculpa? Em que ia eu a pensar naquele momento em que não reparei nos restos de garrafa que por ali jaziam, mortíferos?

O nome da minha cadela, "Cefaleia", explica-se num instante: tenho eu com frequência estas dores de cabeça que me assaltam e paralizam durante uma, duas, três horas, até que um grama de qualquer coisa faça efeito. Eu chamo a minha cadela e, enquanto a coisa não passa, ele resolve ter a dor de cabeça comigo.